quarta-feira, dezembro 10, 2008

LAVA-LOUÇAS

O BLOG PIA SUJA ESCORREU PELO RALO.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Sinastria - Parte II


Para Sarah Antunes
Teus Leões envenenados devoram meus Escorpiões.


As almas se preparam para se tornarem água quando os corpos se tornam ponte de fogo para se alcançarem. Esfregam-se numa tentativa de cortar veias penetrando através de canais para beber o gozo do mais puro sangue visceral. Aceleraram o ritmo para que se possa atingir o grau mais violento do jorro sepulcral. A velocidade pode destruir pontes! A morte iminente é a satisfação de um recomeço, que em algumas vezes, pode ser múltiplos, simultâneos. Uma pausa em um movimento. Um movimento estático. Algo que continua parado e que imóvel é frenético. Este talvez seja o estado de inércia cujo piloto automático é acionado pelo instinto. Mais uma transformação: de repente tudo tão de alma se torna primitivo. Cada parte de um ligado ao outro por correntes, mantendo tudo bem firme, preso. Os nós são as mãos. Quem domina mina o corpo com empurrões, com mordidas, com arranhões. Mina por mina e em cada explosão um grito: a voz ecoa constante em gemidos. A dor é o motor para toda invasão. Pequenas aberturas são arrombadas. Os vãos são alargados e alagados. Escorre os meios com a água que sobrou da alma invadida. A caça convence o animal a dilacerar enfurecido sua carne, a comer seus pedaços. Prende e entontece sua presa com violência: ela se dá por vencida e não oferece mais resistência. A obediência é o respeito pela força. E a traição deste ato é do veneno do desejo. A brutalidade já não pode mais se mover. O veneno já o alcançou. O fruto proibido foi mordido e o pecado precisa ser expulso da pele. Expulso aos gritos, aos berros, urrando a dor do corpo.
O inferno abre as portas para o prazer sair. O animal fica imóvel diante do desejo agonizante, da fúria da morte da caça antes do desfalecimento total. É o respeito em troca pela doação.
A voz ainda vibra em curtos espasmos. Os corpos em chamas diminuem a freqüência permitindo com que a água sagrada do começo das almas voltem ao seu estado original. A ponte percorrida é desfeita e os animais são recolhidos. O fruto do amor é posto em seu lugar. Abrem-se as portas do paraíso.

sexta-feira, novembro 28, 2008

Das Esmeraldas

Ela olhou profundamente dentro dos meus olhos , me apertou fortemente contra o peito e disse: "o corpo impede, quero abraçar a tua alma..."

terça-feira, novembro 25, 2008

Que seja melhor – 2ª Edição.

Afogue-te na tua própria água já que o mesmo fogo que ascende a paixão queima o amor.
Beba as cinzas em um copo de dor e sinta o carbono amolecer a tua pele.
As coisas de alma, doces e serenas, não agüentam com o peso da falsa embalagem. A embalagem que com a tua mão de bisturi cortaste a mentira em finas tiras transformando o que fora dito em carne viva.

A exposição do ator nu que inventou e sustentou o texto até o fim em um espetáculo falido, usando de armas baixas para prender a atenção da única pessoa da platéia, permanece em tua lembrança a cena do assassinato do amor.

Que o teu puro veneno te cures impedindo com que o sangue se misture a tua essência.
Que a floresta queime de lamentações e que os gritos possam ser ouvidos em toda parte.
Teu esconderijo é seguro e te proteges de qualquer patada.
A água, tão amorosamente doada a mais bela das feras, secou depois da destruição da fonte com a explosão do ego.
Só o tempo do renascimento te libertará das marcas que o incêndio te causou. E com este tempo necessário a tua cura, possa pensar em reconstruir ou deixar como está.

- Sê firme. O erro não foi teu.

sexta-feira, novembro 14, 2008

IDAVILA - 23º Edição - Ano de Áries

Para Valdir Alvarenga, poeta, mentor e amigo.
“Se passarão mil anos e eu não nasceRei.”
V.A.

Aos 23 anos já sabia que não podia me projetar. O hoje tinha se tornado lei implícita.
Sabia ao fundo, que a diferença do remédio para o veneno era a dose.

Aos 23 anos, tinha matado exércitos de demônios da solidão e tinha aprendido a ser às sós comigo. Quebrava as correntes do passado e me reinventava. Sentia o Vento do Reino. Trocava várias idéias com Iemanjá. E 23 vezes por dia repetia "Ao passo do passado eu já não dou mais passos"

Aos 23 já tinha naufragado por diversas vezes no mar da desilusão.
E foi o ano em que fiz mais amor com Natália B.
Descobri Marina e decorei meu vocabulário com novas palavras.
Aos 23 já sabia ler as entrelinhas e a conversar com adultos. A falar sobre astrologia. A ouvir jazz em boa companhia.
Aos 23 anos fui mais eu do que há 22 anos atrás...

quarta-feira, novembro 12, 2008

Teatro Literal

Uma atriz em transe no trânsito trançando transas translúcidas transfundindo coisas transatas no transporte transcendental.

Paixão

Uma rosa para ser completa precisa percorrer o caminho dos espinhos e das pétalas.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Sinastria – Parte I

Para Sarah Antunes

“Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.”
(Caio Fernando Abreu)


O que deve acontecer quando duas almas se reconhecem em apenas um olhar fixo e tímido? Em qual esfera devem brilhar? Em mundos feitos de sonhos antigos e cansados? Será feita a tentativa de descrever quando o acaso abraça este caso por trás.

Os olhos espelham a vontade não dita da boca pra fora por querer ser da boca pra dentro. A função de verbalizar o que não é dito se compensa com outras Linguagens de Bagagem carimbadas em diversos mundos afetivos. E pelo orifício do olho, transportam a alma para ser injetada no coração um do outro. Esta pressão é forte e alguém pode baixar o olhar segurando a alma com as mãos. Então, percebem os sons batidos pelo estômago após a avalanche de centenas de sensações de uma alma trocada: sentem que é preciso iniciar a mútua rotação. As almas em corpos trocados se transformam em mil constelações entre planetas. A Sincronicidade dos opostos e, mesmo desta forma, perfazem conjunções. Os mundos entram em órbita aliando suas energias em signos rivais. A força também faz conjunções entre outras esferas do eu: Lua e Vênus, Vênus e Saturno, Lua e Urano, Vênus e Plutão. E o pesado fluxo da energia converte as almas afinadas na canção do amor em instinto. As almas se transformam em felino e aracnídeo. Lutam pelo poder da energia trocada. Garras e ferrões. Veneno e mordidas. Sangue e saliva. Prazer e dor. O momento é o segundo. E no mesmo segundo os mundos envolvidos dividem a alma com a carne. O ponto é apenas um antes da explosão. Os corpos se distraem. Estabilizam como um vulcão ativo dentro do oceano.

quarta-feira, novembro 05, 2008

O Heroí está cansado,

guardou a espada, mas não se despe da a(l)rmadura.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Chuva de Vulcão

LAVA, LAVA SOL EM ESCORPIÃO!

sábado, outubro 18, 2008

Estrela

SIGNIFICA "ESPALHAR LUZ"

Pierrete

Para Andressa Egas


“E a vida segue, sempre nesse vai e vem que não passa das ondas do amor.”
Marina Lima



Ela imaginava que o amor era possível e que possuía uma bagagem imensa de outras relações. Experiências que cauterizaram o coração por diversas vezes. Caminhava em busca de sentidos, sentidos do amor. E sempre encontrava um alvo para as suas aventuras.

- Eu conheci uma pessoa ontem no bar, Marina. E acho que desta vez pode dar certo! Desta vez é diferente! Ela veio de uma relação conturbada, já navegou nas águas do desamor, da desilusão e eu também já naveguei por essas águas. Ela está a fim de mudar, viver algo saudável e eu me vejo na hora exata para isto na vida dela e na minha.

Por mais que eu falasse, ela sempre esquecia os detalhes, ela era confiante demais na forças do destino. Hoje eu digo com ironia, pois alguém tão mestra em compartilhar o bem, uma alma tão profunda e intensa poderia se perder pelas ilusões da paixão sem notar, como alguém que anda no deserto atrás de uma miragem de oásis, desfalece desidratado exposto a um sol de quase 50º e morre de calor sem sentir.

- Estamos profundamente apaixonadas e prontas para um novo relacionamento. Ela é intensa, atenciosa, é uma louca na cama e quando me beija parece que me derrete. Estamos namorando, isto não é incrível? Poxa Marina, você vem me acompanhando todo esse tempo e quantas vezes eu não me ferrei? Desta vez é diferente e quem sabe você pode ser até a madrinha do casamento!

Sim, eu a acompanhava há muito tempo e quantas vezes eu não a ouvi dizendo que aquela ou essa vez seria diferente? Ingênua e sentimental, eu a via vestir a fantasia da paixão e desfilar nas avenidas da desilusão. Ela se projetava demais. Via a outra como uma espelho e deformava a sua própria imagem. Eram os amigos, as baladas vazias dos finais de semana, as brigas sem sentido, as disputas pelo poder, as conciliações saboreadas num sexo frenético e empapuçado de um amor-dor masoquista.

- Sabe, eu não sei o que acontece. Eu me entreguei por inteiro e ela é oras tão quente oras tão iceberg. Acorda do meu lado, me beija, diz que me ama e a tarde é mal-humorada, diz que está de saco cheio das minhas pressões para que ela seja no mínimo constante. A maioria das vezes não me sinto satisfeita com ela. Ela é rasa, imatura, distante e egoísta. Depois me dobra na cama, dizendo que me ama, mas que a difícil de lidar aqui sou eu e acabo pedindo perdão pelo o que nem fiz para que possamos ficar bem. Terminamos ontem, Marina. Voltamos hoje.

O princípio do fim começara. Era uma questão de tempo até tudo desmoronar por completo. Todos os planos, os sonhos iriam naufragar e quando estivesse boiando em alto mar sem a proteção do navio da relação, iria se esforçar para morrer e salvar o afogado. Iria chorar, berrar, escancarar a boca para dor, beber o sangue da ferida aberta, gritar e se culpar por longos meses.

- Acabou, Marina! Acabou! Eu não quero vê-la nem por um decreto! Ela é louca e está me enlouquecendo também. Eu não agüento mais. Me perdi novamente. Confiei mais uma vez, mas não posso acreditar numa relação que não há futuro, onde nossas vidas são vazias. Não posso ficar com uma pessoa que diz que me ama e no dia seguinte me trata como se eu fosse nada. Eu não posso implorar por amor, Marina. Eu sei como isso funciona muito bem e não posso cair nessas armadilhas. Vou ficar sozinha, na minha. Vamos sair Marina, beber e esquecer os desamores.

Ela voltou e terminou mais duas vezes logo depois. Uma traição aconteceu e ela ficou mais fragilizada do que estava. Perdida, desprezada, com a fantasia rasgada nas mãos, não saia de casa por nada. Se puniu por muitos meses, se lamentou até a última gota de amor próprio. Aos poucos, mudou a rotina, conheceu pessoas novas, se valorizou mais. Começou a sair novamente. E quando encontrava com o ex-amor, feria com o mesmo ferro que fora ferida. Tratava com desprezo agora que estava linda, solta, solteira e com a fantasia costurada. Mas eu sabia que era mais um ciclo que ela fechara para iniciar outro assim que se sentisse pronta. Passou a dizer que tinha novas metas no amor. Não mergulharia se não fosse profundo. Queria alguém real sem desertos, sem miragens. E assim, pela manhã, o meu telefone tocou:

- Marina?! Preciso te contar! Eu conheci uma pessoa ontem no bar! E acho que desta vez pode dar certo! Desta vez é diferente...

domingo, outubro 12, 2008

Circular

"...Meu amor eu não esqueço
Não se esqueça, por favor
Que eu voltarei depressa
Tão logo a noite acabe
Tão logo esse tempo passe
Para beijar você..."
(Paulinho da Viola)
As palavras ogivas serão enviadas por um avião inter-cosmos através das altas freqüências do tempo para bombardear os mangues da falta de razão afetiva, mas que na verdade, aos olhos dos tolos, são majestosos castelos de ouro e muralhas resistentes. A hora do lançamento será a visão do primeiro furo na represa do Rio que corta as terras além – etéreo que espera a hora de dominar as terras que lhe foi negado o contato. Assim que o Rio alcançar o Etéreo, a bomba será lançada para destruir toda e qualquer ilusão dos castelos dourados de lama ao mesmo tempo para que se restabeleça o eterno contato com as coisas da verdadeira alma. Essa guerra é analisada sobre a visão do Materialismo Histórico e busca certo equilíbrio. Em sua bandeira está escrito: O Tempo é senhor do Amor. A Tropa está animada e preparam tudo de maneira pacifica e a maioria das vezes subliminarmente. Será iniciada nas reconexões. Estamos só aguardando a assinatura de ordem de uma das patentes mais altas que regem os cosmos: o Destino.

sexta-feira, outubro 10, 2008

“O Eterno Deus Muh dança!”

O Deus Muh dança nos tempos, saltitando sobre Cronos, desordenando, futuro, presente e passado pelas freqüências dentro do emaranhado dos fios.

O Deus Muh dança com os amores nas festas de casais.

O Deus Muh dança sobre os pais envelhecendo os filhos.

O Deus Muh dança pelas ruas, esquinas, becos e beiras.

O Deus Muh dança nas árvores das praças, nos jardins, desalinhando o cabelo das estátuas.

O Deus Muh dança com as marés, com os lobos, com as Deusas.

O Deus Muh dança nos caminhões, sobre as motos, em bicicletas.

O Deus Muh dança no ar, na terra e nas labaredas.

O Deus Muh dança nos cinemas, teatros e novelas da vida, nas tintas.

O Deus Muh dança em mim ainda.


*O título "O eterno deus Mu dança!" é letra e música de Gilberto Gil de 1989.

Ponto Alto da Cidade do Etéreo (Linguagem)

Sublimar a paixão é uma das formas de não prender o Amor em um campo de concentração.




Chegada :Estação Itinerante da Cidade do Etéreo

Só um coração amante da vida pode atingir a liberdade do Amor.

segunda-feira, outubro 06, 2008

A caminho da Estação do Etéreo

“Coração, coragem, pra qualquer viagem, pra qualquer sermão”.
Marina Lima

Existe um certo veneno no sono, mata dormindo, quando um dos meus eus, preocupado comigo, levanta de mim, joga num conta-gotas gotas de antídoto no meu peito produzido em um sonho qualquer de uma outra que não sou eu, que pede para me predominar, gota a gota, como venho construindo esse teto seguro em cinco dias de quinze horas de pequenas mortes, um velório sem fim sobre o colchão, a cabeça no travesseiro, a alma passeando em paises estrangeiros a mim, a gota cai fazendo buracos negros de verdades em que despenco como uma cadente indo pra onde eu não sei depois do pedido, num desespero doce de encontrar soluções súbitas, tão exatas, como mágica, colorir de uma vez com um dedo só, todo o alfabeto da cartilha da série dos vintes e muitos anos que tenho e com as operações básicas aprendidas, multiplico os anos por dez, duzentos anos de solidão é o resultado da conta de tantas construções e desmoronamentos, demolições, ricos empreendimentos, prédios de luxo, cinqüenta andares de prazer e cinqüenta dinamites escondidas atrás dos extintores personificados em fiscais de obra quando algo sai errado, extinguem o comportamento, chamam a vigilância e destroem num sofro o edifício que se fazia tão perfeito, é difícil recomeçar, ecoava nos desfiladeiros do sonhos, na “Bouvelad of broken dreams”, vago só a alma sem alma, itinerante racional na freqüência do passado emocional tão carregado de mágoas, culpas, amores retraídos, desejos de se libertar de tudo isso, das lembranças da proa de um navio já naufragado, sentada na rampa de um prédio abandonado, pego o ultimo cigarro, troco por vodca com a menina sentada atrás de mim, flerto, mas de boa, sem grande empolgação porque conheço os ciclos sem fim e já hoje não há ciclo que me engane, exceto os novos que tenho evitado entrar para não se coincidirem com os velhos, me pergunto do sentido, que sentido? O sentido que vaga numa bruma rala, aguada, áspera, diz que é parte do jogo não ver além de dois passos adiante forçando corajosamente a olhar apenas o chão pisado no momento do pé direito, pé esquerdo, sem filosofias mirabolantes, profecias, a névoa pede para não olhar para trás, perco a chave da moto, sigo como quem anda com um grande segredo, uma grande verdade que escorrega todos os dias no canto da minha boca, limpo o excesso de saliva, não digo, ando dormindo pra tomar um café a sós comigo, se eu mesmo mal consigo explicar, só sentir, e ver o meu andar do presente, mesmo o meu pé sendo oras passado, oras futuro nos passos que só se tornam presente de fato quando os pés estão juntos, ou deitados, a loira me abraça por trás, oi morena! dou um sorriso, flerte, mas de boa, pego a chave da moto que ela achou, acordo, relembro do meu espírito vagabundo na rampa do prédio abandonado onde as pessoas se encontram pra beber, fumar, vandalizar, viajo de novo, mais quinze horas, água no criado mudo para regar o velório, as sucessivas mortes em função de uma grave infecção mental, aquela que afeta o lobo parietal por querer perder a memória, e levando a vida quase morto, vivendo nos sonhos o real do inconsciente, acordo de novo como quem volta de um coração quase parado, à eletro choque.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Bilhete para Bê

Adorei o jantar, o vinho, a boa escolha do blues e principalmente a leitura da tua alma e a viagem para dentro do teu corpo.

Às 22:30h eu volto para te ter e fazer mais e mais amor com você.
Um beijo bem gostoso!

domingo, setembro 21, 2008

Chico Nega Geni

Eu não presto. Sou vida fácil, vida solta louca do meu cu. Uivando nas ruas, espalho o gozo do meu cio nas bocas das moças desafortunadas, de bandida vida, boêmia. De vermelho-sangue, demarco o território com batom no ombro dos paletós dos ingênuos nas pistas girantes. A solidão me basta num copo de gin. E faço do meu corpo parque de diversão das crianças iniciadas nos delírios das paixões. Escolho um lugar secreto para viver a morte do que endurece por dentro, invade, sangra e late. Sou a cachorra que morde até o grito, que berra até ficar rouca, a vadia no ar até a rigidez do amor. Nas bocas do lixo me reciclo, me alimento do excremento que jorra do homem sujo, sou o alvo da metralhadora do desejo. Sou uva na boca das bocetas. Sou o que coloca de quatro numa ménage à trois, sou o que fode por trás, explorador das vulvas encharcadas de delírio, bebo e me embriago com a doce dor do sangue da violência do meu pau depois de bater fundo no útero das fêmeas noturnas. Primitiva, me lanço a cavalgar por cima, amazona que cruza com centauros vagabundos relinchando de prazer. Sou paga com a porra que escorre da boca daquelas que se atrevem a engolir. Bebo num beijo de gosma e cuspo na carne fria do homem que acaba de gozar. Sou a terceira da brincadeira. A primeira a sair. Despedaço-me, desarmo, desiludo me monto e sumo.

domingo, setembro 14, 2008

à Simone
No final
Não sabia que era miragem
O reflexo na água
Do oásis da emoção

sábado, setembro 13, 2008

à Simone
Nesse deserto de almas
Meus pés calçam a viagem da areia
*Aridez suave
Entre a poesia e a prosa
*Cactos de água doce
Poeira de estrela
*Incendiando a razão

*Valdir Alvarenga
à Simone
Dentro da canoa das brumas
O teu braço é meu remo
Os teus olhos, meus faróis curtos
Tua alma é meu combustível
Meu abuso
Minha doce indiscrição.
Languida certeza:
Tenho- te inteira no fim da viagem
à Simone

No vaso de flores murchas
Azaradas
São arrancadas
Separadas de sua terra-raízes
Morrem de excesso de água
Moribundas no mar da solidão
à Simone

Corre comigo no escuro
Porque a Terra é alma gêmea da Lua
Comer do fruto licito do amor
Pela dor da morte
Dos nossos corpos-fogueira
Na noite alta da paixão

sexta-feira, agosto 29, 2008

Morrigan – A Linguagem do Etéreo

O preço? A entrega. Pode ser parcelado. O requisito é saber fluentemente as Linguagens de Bagagem, ter ciclos e sub-ciclos fechados perfeitamente e receptividade bem desenvolvida. Os Livros Astrais serão entregues por todos os lugares por seus receptivos Guardiões no fim de cada lição aprendida. Morrigan aparecerá como Guia e Conselheira quando for necessário por todo o caminho.

Pacote:

Passeio na "Boulevard of broken dreams”, jazz, capuccino, Marlboro, otimismo e bons fluídos. Natálias. Contemplação dos Mitos. Inspirações medievais. Boa música renascentista. Abolição das frases adversativas. Limpeza dos campos pelos Ceifadores para a colheita do amor à beira rio. Notícias veraneias. Lanchonetes, Bares, Artistas de Rua, Vidas de outros eus do eu mesmo. Boa companhia. Cura de Mercúrio. Bons cafés da manhã. Almoços simples. Viagens astrais. Jantares com as Deusas. Casas de Massagem. Mensagens futurísticas, filosofias seduzidas. Masturbação mental. Orgasmos em reflexão sobre ciclos finais. Tesão: “O prazer não tem sexo.”
Pensamentos Geminianos. Epicurismo. Desejos herméticos. Caverna das Superfícies Desmascaradas. Sabor real, gostos sortidos. Entrega pseudo-total. Céu de Anis. Montanha Equilibrada. Passagem das vitrines. Ventos arianos nos passeios em Freya nas gôndolas de Vênus. Estrada do Escrúpulo. Pôr do Sol em Netuno. Parada na Constelação de Escorpião. Mergulhos nas Cachoeiras das Almas. Escalada dos Sonhos. Sabedorias de tímpano. Encontro místico com os Sábios da Nova Ordem do Eu. Cidade das Sementes plantadas. Ruas de Boca água. Passeios de barca “Fé de proa”. Teatro do Mar encenado pelas Sereias Aladas. Palestras das Mestras do conhecimento interior. Passeio de caiaque no Rio de Navalhas. Dias nas Praias do Bom entendedor.

A viagem para esta Linguagem contém várias viagens. Todo o trajeto é realizado em meio às brumas e o seu término depende da disciplina e da fé de quem o percorrer. O caminho é único, não tem uma seqüência lógica e dependendo dos passos, o caminho poderá ser repetido quantas vezes for necessário. O diploma será entregue pela Guia Morrigan na Estação Itinerante que estará na Cidade do Etéreo.


Boa Viagem!

sábado, agosto 16, 2008

Entre//vista: Cidadão dos Astros

Meu dia a dia é normal. Igual a qualquer Cidadão. O relógio é o meu Universo de pulso. Conto as horas em Signos através dos ponteiros do Sol. Saturno gira os segundos e Marte faz a arte bélica. Minha curiosidade de sabê-las é de Mercúrio. Me curo das ânsias e espero abaixar as brumas de Netuno. Com o tempo, consigo ver a Nudez de Vênus com os olhos de Júpiter. Plutão que fosse fácil!
Navego nas férias nas águas de Escorpião onde vi várias vezes meu Aquário se transformar nas águas de Peixes. Em Casa, Câncer não me adoeceu com cóleras e me deu o frasco do amor a família.
Touro me deu de mamar no meu oposto complementar. O que me deu Áries para comprar a Primeira Casa. Meus vizinhos eram Gêmeos, mas não tínhamos muita afinidade. Fina era Dona Libra, a Guerreira Pacifica. Mediava as brigas da Sétima Casa.
As grandes viagens foram com Sagitário. Ele me ensinou a arte do Arco e Flecha e a ser meio cavalo. Aprendi a subir a Montanha do Céu com os ensinamentos perseverantes de Capricórnio e hoje descanso nos braços da Virgem.

terça-feira, agosto 12, 2008

Dialética










A PAIXÃO É UMA IDEOLOGIA NEGATIVA.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Mofados

O morango estava passando da validade, estava vencendo e vencer nem sempre é ganhar. O fruto proibido que nem foi mordido está apodrecendo de tão maduro. Amadurecer demais com o tempo também tem o seu custo: ninguém consome. Fica mole, passado. Tens uns que até amargam, outros ficam doces demais, enjoativos. Caem na terra e se dão conta que passaram da conta – servem como adubo, para alimentar os bichos, os insetos. A sua nova utilidade é bem proveitosa para aqueles que sabem dar o devido valor ao que não foi consumido. E este tipo de mofo reencarnado é só para os raros, para aqueles que sabem que a vida é cíclica e que a boa vida se recicla. O mofo volta a ser fruto.

sábado, julho 26, 2008

Escorredor (Ex - Corre - Dor)

Para o Dia Azul


Lavei os desejos do futuro

com o detergente do presente.
Enxuguei a saudade do passado
com o pano de prato
do momento.
Guardei nos armários da memória
em cima do medo.

sábado, julho 19, 2008

NO SATISFACTION (Erro do sistema)

Para Rômulo P.
A AMAZONA DO DESTINO SELVAGEM, EM SEU CAVALO VERMELHO, QUER CORRER NUA NOS CAMPOS DE '70.

segunda-feira, julho 14, 2008

Flor do Oriente

Ela andou comigo em meu cavalo vermelho sem medo. Comeu da minha comida. Bebeu da minha bebida. Dormiu na minha cama, velou o meu sono na cadeira. Li suas pegadas no meu destino, as pegadas de outras amazonas no meu destino. Ela falava sobre bad trips, coca, supositórios. Sentamos ao vento do mar e ela me dizia como era terrível o barulho nas pedras. Lua em escorpião e dizia que queria ouvir até ficar empapuçada disto. Cantávamos quando as palavras já não explicavam mais. Íamos do punk a bossa nova num instante. E através dos sons sentimos que os nossos reflexos ainda estavam juntos no espelho das almas. Senti um vazio que preenchia meu estômago de paz, de um silêncio cantado. Chorei para regar.
Ela retornou pelas suas estradas até a sua atual casa deixando em mim a semente que sempre deixa para colher quando sentir que floresceu:
- Sumo, mas te amo
.

sábado, julho 12, 2008

Quando a Lua entrou em Escorpião

Éramos sós. Entrei devagar. Fechei a porta, abri o casaco. O quarto era junto com a sala. Um sofá azul. Living us. Blues. Descalcei os sapatos. Abri o seu casado, soltei seus cabelos e minhas mãos se perderam entre fios, olhos, boca. Deitei no azul. Ela deitou abrindo meus botões, tirando sua blusa. Deitou sobre o meu azul. A paz no incenso isento de passado, ruas, estranhos, amigos, alheios passos. As palavras eram a meia-luz, o som. Segurou levemente os cabelos e entreolhou meus vãos, meus contornos, amou meus olhos com as mãos, os próprios meus seus olhos. No profundo da alma tocava e minhas pernas tremiam por estarem entreabertas, ela nos meios. Navegava devagar e remava com cada toque. Me sentia anterior a qualquer linguagem e me bebia. Me tomava firme e andava sobre mim. Estava cúmplice a cada passo do corpo dela entre meus corredores e eu não indicava. Ela sabia cada parte sem ter me conhecido, placas, sinais, adesivos. Era forte porque assim me sentia e se desprendia de si para mim com fé em minhas águas mansas. Sabia que assim era a fórmula da troca. Ela já tinha bagagem e viajou pelos rios da saliva, do ardor. A ponte do corpo percorria e me colocava por baixo para seguir seus passos. Ela por mim, em cima fluía, se mexia, remexia, dançava ao ritmo dos corpos. Astro e signo. Eu evoluía. E mesmo quando o gesto se soltava em nossos concretos, o silencio cantava. Nada além mais, se sentia a vontade, era espontânea a alma e o amor se afinava. Bastava.

sexta-feira, julho 11, 2008

Pela Legalização da Droga do Amor

É como encher a cara de cerveja “Guilts”. O desejo de ficar locão por alguém independente da ressacada do depois. Mareado sentimento. E desesperadamente alimentamos nossos vícios nos cios alheios. Já se falou muito em fast-food, mal necessário. O barato é o seguinte: quando pensamos que atingimos um alvo e juramos de pé junto que sim, sim é esta pessoa, este alvo tem algo que nós identificamos quase que de imediato:

- Adoro esse tipo de barato. Essa mina tem uma coisa que me... Não sei explicar, mas acho que dá pra arriscar a pegar e...

Mas aí eu vos pergunto: o que será esta droga de amor além de uma droga? Além de um barato para se experimentar?

E com este tal amor vem o tesão, vem a paixão e todos esses sentimentos massacrados listados em papos como estes. Bem sabemos que estes sentimentos são o barato e os únicos que os nossos sentidos captam e não explicam e excitam.

Dependendo da droga afetiva, o relacionamento segue seu drama nas desventuras de um viciado atrás do seu vicio. Mendigamos para conseguir, roubamos, escravizamos, morremos e até matamos por amor. Dito amor. Amor, amor... E então o que seria uma melhor definição do que esta? Podemos até ilustrar o fato com atual polêmica de Amy Winehouse que vive tão loucamente cheirando, tomando e fumando suas drogas ao mesmo tempo em que vive em uma droga de relacionamento. Quase que não tem distinção. Ela só materializa seus sentimentos que dão a impressão de que uma droga compensa a outra e tudo fica mais louco quando se mistura.

Passamos aqui o tempo todo tentando modificar o que nos cerca e quando finalmente conseguimos, não queremos nos adaptar ao que nós mesmos modificamos recorrendo às mais diversas fugas. O modelo antigo de amor ideal caiu por terra.

- Não, não minha menina, príncipes encantados não existem mais. Agora só há viciados. Idealizamos o amor certo a moda dos contos de fada na era da internet onde em qualquer chat, (veja!) como nas paginas amarelas, vemos: “Mostro meu pau na cam”.

Na década de 40 não era assim. Décadas e décadas atrás o homem se excitava ao ver o calcanhar da mulher levemente exposto dentro de tantos panos e hoje é “chupo sua buceta” como codinome. Não que naquelas épocas não houvesse sacanagem. Havia sim e muita! A diferença que nos dias de hoje a sacanagem é pública e normal. Então se isto de fato é encarado desta forma, por que ainda continuamos considerando o amor e buscando as sentimentalidades da maneira mais medieval possível? O amor adaptado aos nossos tempos pode ser algo comparado à normalidade das relações promíscuas, às relações de adultério, às relações doentias.

Que seja então decretado o fim do casamento, a abolição dos compromissos e que o amor verdadeiro e eterno seja desmascarado como falso e arcaico. E que o amor (amor???) tenha o direito de se drogar e se prostituir dentro dos relacionamentos decentemente. Desta forma, livraríamos-nos dos sentimentos mais mesquinhos como a mentira, a culpa, o remorso e viveríamos condizentes ao nosso tempo dentro de uma poligamia dissimulada e degradada.

E para os que ainda possuírem o modelo antigo de amor como meta deveriam optar por ficar sozinho (mesmo sabendo que hoje ninguém se sente energizado o suficiente para tal) ou esperar para que A Providência Divina faça com que este ser humano sonhador encontre outro da mesma forma para viver o seu conto de fadas isolado.

Mas quem vive de free-lances nos relacionamentos bem sabe que este sonho careta não dura e que este pobre sonhador terá que se prostituir também para ter uma lasquinha da droga do amor.

O amor é produto de mercado assim como a droga, e esta condição de produto tira toda luz dos nobres sentimentos. Esta comparação se mostra tão real que poderíamos defini-la como “Modelo de Amor Ideal na Idade Contemporânea” onde encontraríamos toda a ilusão e a desilusão dos viciados não adaptados.

quinta-feira, julho 10, 2008

Telegrama Telepático

Sei que estamos muito longe, mas você precisa reencontrar o seu caminho de casa. Mesmo a espera, sinto como se também estivesse voltando para casa devagar, devagar.

De quem não quer te perder.
D.C.O.

quarta-feira, julho 09, 2008

Medusas Despedaçadas

De e para Valdir Alvarenga


Bebidas feitas do lodo da vala da balada interna, interminável som do diabo, opera do inferno, canto dos malditos. Beco dos desequilibrados, perturbados, liquidificados na dor. Dormência da consciência, crença da ciência ciente que não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Espírito Santo na piração da ação dos feitos de reação dos aflitos. Muitas vezes diabólicas, as cólicas dos vermes dos restos imortais do amor, do descaso do desamor. Dor do ventre, entre as lacunas da mente. Picos estratégicos dos abismos épicos das almas que se atiram sem sentido de estar, está lá onde caem sem tido corpo.
Libertação dos possuídos. Corpo dominado pelo próprio demo, demo de si mesmo. Perispirito errante, a esmo em busca do que há no outro desesperadamente o que não há em si. Olhos vermelhos intravermelhando olhos alheios, radar dos vampiros, cadeias de veias, sangue por todo ar. Iluminação de luz negra, pintando os espelhos das almas de preto cada corpo presente só pra se vampizirar. Droga ouro/rientaçao dos zumbis, lama dos porcos em pó, potestades da maldade usando hipnose para se vingar. Celebração das hienas, manadas de mal amadas passeando com suas prostitutas do amor. Grande teatro dos principados fazendo dos principiantes presas fáceis para aquelas que disputam para chupar. As Bacantes se enlaçam e Baco brinda com mais um contrato fechado de alma vendida. Auto-flagelo quente, mordidas e arranhões que marcam a pele e deixam sinais de que se é mais um viciado e adepto das coisas sem luz do Diabo.

domingo, julho 06, 2008

Bússola de Mergulho (Riqueza profunda)

A forma do teu amor antigo é o "Norte" subversivo para a minha ouro/rientação.

sábado, julho 05, 2008

Água Sanitária

O cloro clareia a minha forma de amar do escuro do teu amor avessado.

quarta-feira, julho 02, 2008

Mars rouge

Fantasia e realidade me disputam
A fantasia tem dons curativos
Quando a realidade me faz Sangria com gelo.
Bebo e me visto de vermelho, quase púrpura.
Saio para mais um ritual d’água.

Muito além das ondas (frequência pirata)

Ao som de Dolores Duran - "Ternura Antiga"
- Olha, eu nem sei o porquê que eu tô te ligando agora, mas é porque, de uns tempos pra cá, você não me sai da cabeça. Tenho muita saudade. Sei que não tem motivo. Eu tô bem, mas não me sinto satisfeito. É como se eu quisesse de todas as formas fazer parte de algo secreto, de uma vida secreta e cúmplice. E só tive isto com você.
- Onde você está?
- Em casa.
- Estou indo aí.
- NÃO!
- Por que não? Você não está sozinho? Seu namorado está aí?
- Não, não está. Tô sozinho.
- Então eu vou. Tchau...
- NÃO. NÃO. Olha não vem não. É melhor não.
- Por quê? Ele tem a chave da sua casa?
- É. Tem...
- QUÊ? NÃO, NÃO. EU NÃO ACREDITO. Você deu a chave da sua casa para ele?

- Dei. Eu sei que que não deveria, mas...
- Olha, até logo. Passar bem.
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quinta-feira, junho 26, 2008

Sincretismo D’Água

Nos grandes ciclos
Não existem rixas entre as Orixás D’água – D’avila
A tempestade forte e guerreira cai dos céus
E Iansã penteia os cachos das cachoeiras
Em toda a sensualidade de Oxum

Nas águas espelhadas do rio
Por intermédio de Euá
O grande encontro de rio e mar
As Orixás retornam também a Grande Mãe

As Ondinas em festa pelos ventos de Oyá
Banham Nanã na surpresa dos mangues e
Navegam das águas doces às salgadas
Contornando os ciclos aquáticos dos Reinos Fluídicos
Que correm para abraçar Iemanjá, a Deusa do Mar.

sábado, junho 14, 2008

Morena do Mar *



Oh Morena!
Amar é a maré
Muito mais que alma é o mar (almar)
Amar.




*Morena do Mar - Música de Caymmi

sexta-feira, maio 30, 2008

Um presente para Mar/Isa



La Belle Isa qui parle la Langue de la Mer.

terça-feira, maio 27, 2008

Ondars

Olha, eu vou te dizer que esse teu jeito manso me interessa.
Esse teu olhar que não sabendo sabe onde olhar,
Fixo, sem razão de ser sendo brando me interessa.
O que hoje me doeria à beça se eu não soubesse onde queres
chegar
Eu diria olhando o teu olhar pra te interessar
Que esse meu olhar brando, manso, fixo
Foi encanto pra te encantar com o meu canto te encantando
Bem no canto desse teu olhar fixo, manso, brando pra me
encantar.

quarta-feira, maio 21, 2008

RÁDIO ALMÁTICO: MODO GRAVADOR - ÚLTIMA PARTE

Liguei o rádio:


"Esta parte última será gravada para os escafandristas. Porque já não sou mais navio, não procuro e nem estarei em portos ou ilhas ou cidades. Não estarei na superfície nem em canoas ou tocos de madeira. Não estarei na praia, nem na beira de nenhuma espera. Já te libertei e me libertei das projeções falhas de futuro. Toda e qualquer. Será lançado agora ao Mar o que na verdade nunca existiu além de laços de ficção ou projeções para que não houvesse morte. Mesmo assim, não deixará de ser Eterno pois de alguma forma o Mar eterniza o que é deixado ao fundo, porém sem perspectiva de vida numa mesma vida. Planos, projetos podem ser reencarnados na face de outros amores, outros sentimentos. Na verdade nada mudará. Já que se tem tanto medo desta realidade. Só serão outros personagens. E estes futuros amantes quiçá.
A desconexão estará completa quando for gravado o impacto do rádio nas águas de Oloxum. O que poderá ser gravado no agora último."
Lancei o rádio ao Mar.

terça-feira, maio 13, 2008

Deusa dos Lemas (sabedoria falha)

Para Rebeca Nishikawa

Saiu de casa e deixou um bilhete em cima da cama:

O que não destrói só fortalece. Amor Único. Uma guerra no inverno é diferente de uma guerra no verão. Tomara Deus tomara que tudo que nos amarra seja só amor malha rara. Amor Maior. Eros, Philos, Ágape, Philisteros, Erosphilista, Estergo, Estergoeros, Anteros e seus dialetos. Linguagem do amor. Amores profundos. Dor de amor raso. Beber da coragem do fundo das almas para que se encontre os paraísos escondidos. Amores de plástico. Meu coração é uma sanguessuga na pele do amor. Amor de verão que não muda de estação. Amor Mestre. Há tanto amor dentro de mim que seria pecado da minha parte dá-lo a um único ser. Águas revoltas. A Lascívia. Seria fácil bagunçar a estante, espalhar os livros no quarto. Arrumar que é complicado. Batalha em comum. Deusa Lua mensageira. Caprichos das Valquirias. Ultrapassar a arrebentação da Paixão. Alimentar um sentimento que não sente mais fome é eternizar o sangue de feridas fechadas. Cinco passos para o desamor. Em meio a tempestade a saudade é a minha Casa de Chá. Relação de piloto automático moderado. Vênus seco. Navios de todos os tipos: os de plástico - que naufragam nas tempestades de fogo; os de ilusão - que são tocos de madeira; os que entram água – cansativos; as canoas de um só. Tem gente que é porto. Tem gente é que navio. O mar da desilusão. As águas escuras. Os dias de eternas noites. Linguagem das almas. O porto seguro. Amor Eterno. Ilhas primitivas. Alquimia; Alquimia atrevida; Amor Completo de Saigon. Enlutamento. Lua Negra. Métodos de como se afogar e salvar o afogado. Linguagem das Cores. Signos. Brados ao mar, minha cara! Linguagem do Mar para a Deusa das marés.


“Sigo a espalhar rosas em teu nome, a dizer tuas frases, a carregar você no olhar pra ter mais e mais certeza que sou maluca, maluca por você. Não demoro. Me espera que te amo."
Dizia apenas o bilhete.


sexta-feira, maio 09, 2008

Inaê - A Linguagem do Mar

Eu tremia. Achei que fosse de frio. Janelas e portas abertas do céu castanho. O barulho do mar me embalava num som em ondas. Achei que fosse a saia jeans, a blusa decotada. Eu vibrava. Era uma oscilação curta, constante, abusada. O ritmo das minhas mãos era de água salgada. Os meus pensamentos era fogo em terra úmida. Eu sintonizava. Achei que eram as expectativas decorrentes do ar que sentia bater dentro. Não imaginava que fosse de fora o vento que a minha pele ouvia. Como numa orgia sensitiva, meu sexto sentido entrava quando nada tinha senso. Eu ganhava. Achei que perdia e perdida rolei os dados: abri os oráculos. O tempo não imaginava que eu o transcendia. Eu pulei as ondas do começo. Pulei sem parar onde preciso de autorização para penetrar. Penetrar a Mãe do meu outro eu que me originou. Me tornaria a Mãe da filha que me concebeu. Seríamos uma só. Eu podia. Eu tentei e emergi a nova linguagem. A linguagem dela antiga, dialeto esquecido nas profundezas de uma origem fragmentada e hermética. E assim, Ela me disse que era Aquela vinda do passado. Ignota. Eu ainda tremia. Mas já tinha a noção da minha percepção com a sensibilidade dos signos que desvendei. Fechei as janelas do céu. Hipnotizada tirei a roupa. O frio era quente e me levava para os braços das entranhas Dela. Me afundei na terra da água para ser aquela que Ela me permitia. E no meu ritual a beira do meu oposto complementar, me entreguei para as Deusas do Mar.

Para a Lua em Câncer - Mensagens

"Abra-te Sésamo - brado ladrão de Bagdá" (Wally Salomão)


AS FASES:


TRIÂNGULO DAS ÁGUAS

TERRA FIRME EM CAPRICÓRNIO

SÍNDROME DE SAGITÁRIO

QUASE COMPLEXO DE VÊNUS EM LEÃO

HORA DO OPOSTO COMPLEMENTAR DE ESCORPIÃO

AMADA SOL EM TOURO

quinta-feira, maio 08, 2008

LINGUAGEM DE LÚCIA

AIOR ONA - BORBOLETA AMARELA

Ela me deu um beijo doce. Me disse seu nome. Aquela que vem do passado, a primeira a chegar, a primeira de todas. Ela disse que já tinha ficado com o André Luiz e que tinhamos algo em comum. Ouvi dizer de uma amiga que as mulheres meigas eram perigosas e que era para se desconfiar. Não dei importância. Me disse onde morava, me disse o nome do rio que cruzava a sua casa e que nunca havia conhecido alguém que morava tão perto. Me deu outro beijo como se ainda estivêssemos nos reconhecendo. Doce. Saiu do carro, atravessou a rua. Saí também e a vi abrir a porta. Uma porta antiga de cor marrom e de onde eu estava sabia que não era sua casa. Vi uma escadaria de mármore também antiga e branca. Com um sorriso lindo, olhou para trás e eu pude ouvir nitidamente dos seus olhos que em breve eu poderia subir com ela também.

segunda-feira, maio 05, 2008

Love in box

Para Alexandre Alvarez e nossas conversas.

"O amor não é amado". O sentimento é descartável. É a caixa de papelão da fast-food. Abriu, comeu, saciou, lixo. E nem se separa para reciclagem. Exceto se é latinha de alumínio que juntando dá um qualquer. A sentimentalidade é absorvente "Modes", "Sempre Livre" - só pra quebrar o galho naquele momento sangrento depois joga fora. Lógico, ninguém quer sangrar pra Sempre e voltamos ao Livre! Tudo muito rápido. As pessoas se conectam em banda larga. Conexões pagas são várias conexões ao mesmo tempo, rápido, rapidinho. O amor é prostituído. Garota de programa virtual ilusionista. Pá pum. Passou, veio o tesão, lugar qualquer, descasca a roupa, metidinha, gozou, às vezes gozão, às vezes gozadinha. "Ah, mas eu comi. Eu dei. Eu gozei e próximo!" Cesta do amor na lixeira. Se é que podemos chamar de amor. Não importa - é afeto e o afeto afeta esteja ele em qual grau estiver. O fato que é essa onda de "Expresso Lixo" virou moda. Ninguém se afeta por ninguém real e se afeta por qualquer outra coisa ou um outro alguém sem ao menos tentar desenvolver o afeto que se afetou antes de um outro passar. Pleonasmo e ciclos viciosos! Fica a sensação de saciação por um tempo (fome que parece de corpo físico restabelecida no próximo CPÉ, Mc Donald's, ou o atual Gordão, veja!). Quando o afeto é mais afetadinho, pode até perdurar, mas logo depois vira consumo - os casais se consomem num purgatório insaciável, capitalista, consumista, materialista, individualista para encher o carrinho do mercado ou o do egão - de ego grande sabe? Ligam o tal sentimento que não conseguem desenvolver de uma maneira saudável no aparelho da paixão (a química, a boa foda, o gozo perfeito literalmente falando). Nenhum dos dois tem coragem para desligá-lo e o sentimento fica em estado terminal por um bom tempo. Uma hora se torna insuportável (óbvio!) - um mata e o outro tem que morrer. Quem consome o outro primeiro ganha e sai tranquilamente para consumir outros por aí. Tal fato é o motor para que as relações não se aprofundem, não cheguem a um nível satisfatório de desenvolvimento até o seu fim natural. Anaïs Nin já tinha nos avisado que o amor não morre de causa natural. Mas enquanto esta tara por fast-food for alimentada, continuaremos entrando em ciclos infernais de superficialidade, nos sentindo constantemente oras como comida rápida oras como embalagem descartável. Focar até mesmo na vida afetiva é essencial. Caso ao contrario este abuso pode virar uma gastrite na alma, uma úlcera no coração, uma esofagite na boca. É preciso respeitar as sentimentalidades e entender que cada qual tem o seu lugar e o seu tempo relativo de duração.
Tratar as emoções como um disk-delivery de “Love in box” é banalizar o sentimento e estagnar a alma em uma miséria afetiva desnecessária.

terça-feira, abril 15, 2008

RÁDIO ALMÁTICO - MODO GRAVADOR: PARTE II

- Eu quis te dar uma casa no alto da Ilha e você não quis. Essa casa era toda amarelinha com dois olhos de janela e você não quis. Ela já tinha as telas para converter luz solar em energia. Faríamos a nossa própria luz, a nossa própria energia... mas você não quis... você não quis... - Ela disse para que eu respeitasse as escolhas dela e eu o fiz.

terça-feira, abril 08, 2008

A DROGA RIA

Para Tatiana Bezerra
Parei com as drogas. Intravenosas de veneno almático contaminava o perispírito. Às vezes, injetava pelos órgãos sexuais. Aí era piração pura! O barato perdurava mais tempo. Sentia correr no sangue e sentia por horas que nunca mais poderia parar. Pensei em casar com a droga, jogar a minha vida fora e me trancar em um quarto com as mais belas heroínas com as suas línguas de agulha e transar com todas até morrer. Não poderia viver mais sem. Nas crises, quando faltava, pirava de novo. Ficava instável, alucinada, perdia os eus do controle de mim. A agressividade era combustível porque sabia que assim que injetava de novo seria tudo maravilhoso. Confesso: me tornei viciada. Confesso agora o que pode parecer óbvio, mas na época não enxergava. Era muito mais forte que eu. Sabia as conseqüências: envelhecimento acelerado, surdez, cegueira. Noradrenalina: meu ópio na caixinha do corpo físico alvo. Acelerava meus batimentos, minha respiração. Eram orgasmos de kundalini. Ficava fora da realidade e pensava no começo: é para aliviar a dor, a ansiedade, aumentar a auto-estima. Solidão é uma merda, meu! Potencializava com o álcool para elevar o risco de overdose. Misturava as drogas no que chamam de "speedball". Os efeitos eram mais duradouros e intensos. Cheirei até perder as narinas, fumei até estourar os pulmões, bebi até não ter mais fígado, baforei até não ter mais saliva. Eu precisava. Achava que com isso eu poderia mudar. Achava que eu dominava a droga. A droga ria de todas as minhas ações por mais que eu tentasse dialogar. Eu achava que podia. Me tornei apática, letárgica, deprimida e obcecada. Quando já cansada, sem energias até para me picar, percebi que a droga jamais iria mudar. E quando já sem dinheiro, com tudo vendido e falido, família, amigos, trabalho tudo perdido, e mesmo assim eu não abandonei a droga: a droga me abandonou em uma das minhas alucinações. Vi que era a melhor coisa que ela fazia - me deixar. Passei pela terrível crise de abstinência: calafrios, convulsão, vômitos, vontade de morrer. Me internaram, foi bloqueado qualquer tipo de contato externo. Dias até nascer novamente. E depois de tudo e por hoje estar limpa, dei por mim que droga é droga e ponto. Ainda tenho droga nas minhas veias. Existem várias delas por aí, se tornou um mal necessário. Fumo só meu baseado, meu cigarro, e me contento com o mínimo/máximo de mim: me drogo com o meu eu ex-drogado.

segunda-feira, março 31, 2008

Comportamento que responde


Coloco as mãos dentro dos bolsos do casaco, paro numa esquina de sinal verde, um pé na rua e caralho! um carro quase que me leva! Atravesso correndo de alguma coisa que já não consigo nomear. Entro em outra. Reatravesso. Passo em baixo de um ar condicionado que cai um pingo enorme de degelo (só pode ser de gelo!) explodindo no meio da minha testa e dou uns passinhos ligeiros, xingando e rindo com algo que a minha subjetividade calorosa já nem se preocupa em definir. Dos passinhos ligeiros, deixo a minha sorte (ou azar - tomara!) em baixo de uma escada apoiada no prédio logo depois do pingo. E já nem me preocupo em voltar para pegar de volta porque já nem mais procuro discriminar o que é qualquer coisa que seja emparelhada com o tal eu do meu eu afetado depois que descobri os reforços e positivos! que não correm de medo ou de susto ou de ódio de ar condicionado porque veja: até o ar é condicionado se existe o reforço de virar o botão e matar a porra do calor. Tiro o casaco.

quinta-feira, março 27, 2008

RÁDIO ALMÁTICO: MODO GRAVADOR PARTE I

- Sei de todas as suas coisas mágicas. Sou a única força capaz de te fazer leve para voar - Ela disse enquanto eu voava entre os Ipês rosas.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Arcano XIII

Tinha sido convocada para uma reunião sem aviso prévio em uma sala mental com os meus demônios. Principados da culpa, potestades das lamentações, demoninhos do sem sentido. Tomei a palavra e criei fugas. Escrevi. Disse que iria comprar um livro para satisfazer o demônio mais lindo da luxúria sem expectativa de leitura e conclui: demônios aconselham. Fui até a Praça dos Andradas onde ficam algumas bancas de sebo. Fui falar com Jorge. “Qualquer livro cujo título me chamasse atenção compraria” – pensei no caminho como sempre penso em dias assim. Subo os olhos nas estantes de fora da banca e meu olhar cruza com “Morangos Mofados”. Imediatamente, minha boca enche d’água: - Jorge, você sabe como é difícil encontrar um livro do Caio e há quanto tempo venho te pedindo?! Um livro desses nunca aparece por aqui, não é mesmo? Transei com o demônio do prazer e calei a boca dos demoninhos do sem sentido. Era a 9ª edição dos “Morangos” de 1995. A última edição lançada com Caio ainda vivo. Hoje se completam doze anos de sua morte. – Sincronicidade, menina! – disse Valdir, o anjo das letras a noite no Almanaque. Viajei na hipótese de Caio ter intuído meus demônios (que é mais a cara dele!) e me levado até Jorge e até ele no dia. Fiz uma festa de fato. Reguei com cerveja, pessoas queridas, antigo amor, cigarro e transa. Tudo a cara dele com aquele vazio de final sempre crucial a ser sentido pelos personagens. E até me tranquei no dia seguinte exatamente como faria um ícone desiludido tentando encontrar algum prazer na solidão. Tudo na minha “Natureza Viva”. Doze anos é tempo pra caramba e eu brindo a ti Caio em uma data tão importante de libertação com a esperança de que um dia comemoraremos juntos da mesma forma que fazia em teus aniversários de vida.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Salada, mistura – o trivial

“E pelo jeito que estou vendo agora lascou”. Saio - na hora do almoço eu não passo. Eu não me passo. E ao passo do passado passo ou passarinho de vez quem sabe me transformo e vôo. Uma música da Zizi Possi no mp3 equivale certinho a um cigarro. Penso: comprarei um livro por luxo sem expectativa de leitura. Catatônica, paro muito tempo sem parar. Passa tanta coisa com lindas roupas de nada com seda e badulaques. A Sapucaí mental: cinqüenta e quatro minutos de desfile. Meu samba não evolui, não termina, não tem cadencia. Continuo. Depois passo na loja de umbanda, compro uns incensos com os santos que respeito. Peço licença pra tudo, até pra respirar. Sinto crescer e murchar: sístole e diástole, sístole e diástole, sístole, sístole diástole – arritmia. Falta cadencia de novo. Entro na lotérica “Gato”. Um moço bonito, um gato branco no balcão de atendente. Queria que fosse gata se já não é. Pago a tal da conta e já nem conto o dinheiro pra não ficar irritada. Sou ser humano mesquinho pô! e meio de mês tô sem grana também. Copacabana Mon Amour – vem Gil gostoso! Decido comprar um acarajé em São Paulo de uma baiana importada. Dendê neguinha, dendê! Dois reais – não tem preço. Rio. De vibe, vibrations e lembranças – memories! E daquelas coisas nas ruas de Londres e eu Caio. Farei uma festa pra ele no seu aniversário de morte este mês. Foi pacto num beco. De sangue. Ele estava doente e nesse dia eu também fiquei. Combinamos de morrer juntos no mesmo dia e segundo. Mas não deu certo. Ele foi antes. Mas o pacto ficou e visitarei o beco no fim deste ano quando juntar o dinheiro do avião. - Baiano burro garanto que nasce morto – ele cantava na Bahia e ria afetado como sempre. Fui pra praça sentar e pegar o soldahoradoalmoço. Me come por dentro. Outro cigarro só faltava não. Passo na banca da Suzinha. Encho o saco e tomo um sorvete. Outro cigarro? Dizem que é ansiedade de alma. Tenho que fazer um mapa de folha vegetal do coração com suas coronárias e pulmonares. Farei um bem bonito. Pintarei de escuro e obstruirei as veias e colocarei o desenho num vidro de formol com o numero do meu cpf. E falar em coração eu vi um morto. Ele lá deitado na mesa com a sua morte. Me espantou a cara de vivo que ele tinha. Eu nunca tinha visto gente assim tão morta. Minha mãe nunca deixou eu ir a enterro, velório. O primeiro que eu vi foi assim desconhecido mesmo. Entrei e deixei a minha subjetividade lá fora do laboratório. Encarei apenas uma vez e com detalhes. O professor passou o coração de um gordo e de um magro numa bandeja de formol e pra mim só faltou a cerveja. E nem eu que não sou chegada tanto ao álcool, depois de tanto formol, coração e sentada naquela mesa fria me deu uma vontade estranha de mesa de bar. Lembrei também de Antony Hopkins e seu canibalismo e lógico a linda Judie Foster de Clarisse. Me intrigou depois a vida. E se eu ficasse em exposição numa banheira de formol para que eles – os vivos - apreciassem o meu corpo, visse o além de mim e minhas entranhas? Eu com certeza ficaria na mente dos mais impressionados e alucinaria seu psiquismo e os assombrariam em suas camas. Morbidez a parte. Poderia eu falar repentinamente sobre o nada, descrevê-lo e até interpretá-lo. Me passa o nada na cabeça digo e relato. Chego – acabou e passou e eu não passo: sou passarinho de novo e desligo o mp3.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

5 de Dezembro

Na véspera da tua era – chego. Sei pouco do teu reino. Ensina-me a olhar para cima que esse teu paraíso fica além mar. Convida-me assim mansa que chego desconfiada, mas cheia de alegria e lisonja. Não sei o que acontecerá porque hoje tu és a dona do meu futuro, minha clara vista. Como se estivesse à margem de algum portal de além mundo onde sou merecedora do teu amor. Esse teu reino que tem me feito convites através das nuvens é mapa novo de água cristalina. No teu sussurro ao vento ouvi e vi que as águas escuras meu casco já não navega mais. Como braço de Iara, canto de Ondina ou Iemanjá soberana me guia na superfície.
Sei que é tudo muito branco e cheio de sol. Sei que é calmo claro. Sei que é azul também. Sei que é forte porque sinto. Sei de ti rainha porque pressinto.

Na margem da tua época aguardo permissão para atracar. Ou agora tu – por ser de Olimpo – aguardo permissão para transcender.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Balança do Destino

Ela é incapaz de voltar.
Eu sou incapaz de seguir adiante.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Configuração

Muita crueldade dos astros posicionarem Sol e Vênus num signo de tanto ardor, profundidade e intensidade como escorpião. Ocorre uma fantasia estranha sobre este aspecto dentro de um relacionamento: para haver um incrível desenvolvimento as partes envolvidas precisam estar fundidas um em outro. O que pode acarretar contradições. O amor precisa estar inteiramente dissolvido nos corpos e expressado como se fosse até por telepatia. Bom para nativos de Peixes ou Escorpião. Para as demais esferas isso corresponde a perda de individualidade e liberdade. Quando essa coesão não ocorre, o escorpiano se sente solto e como se não pertencesse a um segredo especial. Esta é a essência: deixá-lo fazer parte de algo secreto e especial. Discrição é a palavra de ordem. Com todo este cuidado, Vênus mostra uma de suas faces mais belas: o auto conhecimento dentro do amor. Para se dissolver, é necessário que haja um desejo de conhecer a si próprio profundamente. E Vênus em escorpião facilita a jornada por ser mestre em coisas ocultas.
A relação que não é definida é o que mais lhe desorienta. Esse derretimento de alma precisa ser sentido com sinceridade. Se o escorpiano captar em alguém algo falso, este simbolismo de Vênus o faz seguir com sentimentalidades retraídas e se torna obsessivo quando não possui inteiramente o objeto de amor desejado. É capaz de se auto manipular a todos os tipos de jogos. Aposta todo o coração. Quando perde clama vingança, o que sempre acaba ocorrendo de uma forma ou de outra e isto lhe dá forças para cortar o mal pela raiz. Os jogos para quem tem esta configuração podem ser arriscados demais manter tanto sentimento assim na contramão, mas possui um poder de regeneração invejável. Já para aqueles que não podem com o seu jogo, para os que desistem no meio da partida, o gosto do veneno de Vênus pode até demorar para correr o sangue, mas quando acontece, o remorso e o arrependimento seguem a vida daqueles que não foram corajosos o suficiente para se auto reconhecerem no espelho de Vênus em escorpião
.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Depoimento de lente


Minha vida é uma novela contada em décadas. Assinei um contrato temporário com cláusulas não muito justas com o canal que me transmite. Sou a protagonista da história. Eu e os personagens que contraceno são meus únicos telespectadores. As cenas, eu gravo e assisto no aparelho do passado. Tenho anos de acervos. Queimo alguns por diversão, às vezes. Atuo e interpreto no presente. Como atriz, já fiz muitos papéis que não eram meus. Confundo o elenco com alguma coisa entre estrela e lixo. Decoro minhas falas sem pensar que já foram decoradas. Improviso. O responsável por me manter no ar respeita se decido abandonar certas cenas ou se decido contracenar com alguém que a mim é contra. Enrolo. Procrastino antes que entre os comerciais que me fodem a paciência. Xingo. Esses personagens são todos uns malditos. Inclusive eu: roteirista. Escrevo depois narro. Sou anfitriã do anfiteatro. Decoro: o cenário sou eu quem faço. Figurinista? Escolho sempre qual máscara usar. Todas têm a minha cara. Sonoplasta? Minha trilha sonora descarrila. Figurante? Às vezes, me abstenho de mim e sou testemunha do meu testemunho quando coloco as fitas gravadas e me vejo no canto das cenas de crime; das cenas de amor; das cenas de fuga; das cenas. Como diretor faço minha voz mental gritar para dar os comandos. Ela é quem diz como devo me colocar, como fazer meu olhar, como agir, como jogar a fumaça do cigarro no ar, como brigar e calar. Despeço atores. Contrato outros. Sou despedida da novela deles. Me contratam para outras. Meu trabalho não tem segredo – tem altos e baixos e sem mais delongas.
Assino porque é tudo muito temporário... Assino só para ficar registrado.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Venezianas


Meu desejo se tornou um sonho e meu sonho um capricho.
Em três tempos distintos percorri o caminho inverso.
E na contramão, sigo caprichosa, desejosa e sonhadora.
- Em segredo, em segredo.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Premissa - No casulo da Fênix

Saiu ele - O Diabo. Aquela mulher de frente para um espelho que não refletia sua imagem me congelou por dentro. Aquela mulher ruiva, seminua, sem reflexo, vampira, diaba.
- Eu, diaba?
- Não, não, não. Não esquenta. É tentação, provação, esses carnavais bíblicos.
- Mas eu fui Diaba?
- Já disse que não.
- Eu fui o Diabo, então? Ou o Diabo está atrás de mim? Eu vou me ferrar, não vou?
- Já disse que não inferno!- riu. É transformação. E radical hein?! Essa imagem que você já não mais vê é essa recente desilusão que você teve. Você já não se via tão refletida e mesmo assim continuava em frente deste espelho negro. Desilusão para uma transformação.
Você deve estar se sentindo como um navio nas brumas, na calmaria dos ventos com dois porões cheios d’água. O mapa para aquele porto eterno é tatuado no teu corpo e você transcende até lá. Como uma dimensão recôndita, paralela. E isso não é para agora. Tire a água dos porões com calma, mas não atraque. Gera confusão tudo isso. Não vai adiantar você atracar, embora não goste dessas águas escuras do presente. Não jogue a ancora em nada ainda. Não é seguro. Não olhe mais o mapa antigo. Neste você já encontrou todos os tesouros que tinha e até se machucou bastante pela aventura. Já abandonou a ilha, os paraísos primitivos. É hora de navegar mesmo no meio da neblina. O Diabo não mente. Quero dizer que sua própria personificação é a mentira, a enganação e isso ele não nega. E você já não se nega mais.
Acharás terra novamente e um outro mapa para além mar e será realmente divino! Voltastes para o seio da Grande Mãe onde ficarás até romper o casulo, minha cara! Confie no Diabo. E ele tudo o fará...

terça-feira, janeiro 29, 2008

Pia suja e seus significados

O Pia suja mudou de casa depois de um ano existência. Trabalhou muito, juntou uma grana, passou por poucas e boas e vive mantendo a pia oras limpa, oras suja, mas não deixando seus rituais, comemorações e enlutamentos de lado. A pia mudou de endereço, mas seus móveis são os mesmos sempre com uma bugiganguinha nova. Sabendo que sempre essas coisas de satisfação de ego geram bagunça. Encher a pia da festa e do café, do lanche e do jantar. A gente continua não pensando nela quando faz. Louça suja é conseqüência do gozo e o que importa é gozar! Quem é que vai lavar é o de menos. O importante que “PIA SUJA” ainda está para contar estórias. Porque já foi deixado estampado que as pias sujas também contam estórias. Cada pia suja conta um momento celebrado e um momento vital. Sua pia suja pode ser mais arrumadinha, sem tanta sujeira. Pode ser de louça de barro, de cristal, pode ser só de prato, tigela das mais variadas tigelas; pode emendar um escorredor e misturar coisa limpa com coisa não tão limpa; pode ter copo americano, de porcelana ou de requeijão. A estória que ela conta do que ficou e a segunda estória que ela conta de água e sabão é o motivo pelo qual vivemos. Todos nós sujamos a nossa pia e a lavamos depois como um ciclo de vivência.
O Pia Suja agradece a todos que a visitaram em sua casa antiga compartilhando seus prazeres e desprazeres. Estes serão sempre bem-vindos à casa nova.
Os significados da pia continuam esféricos e mutantes. A pia enche mais uma vez sendo ela mesma, mas não sendo sempre a mesma.
E novamente: "Sintaxe" em casa na nova casa bagunçada ainda - da Pia!

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Vênus Seco

Essa minha cabeça é um mês de vários dias nublados... E ainda chove.

Esse meu coração é um planeta vira-lata sem órbita – Gira em todo sistema.

Essa minha alma é uma mole dançarina: não importa os dias cinza de cabeça ou as reclamações de um coração mendigo – ela sempre se derrete conforme a música.







Estes fragmentos foram publicados no antigo endereço piasuja.zip.net que fora excluído.