terça-feira, outubro 27, 2009

sexta-feira, outubro 23, 2009

A passagem

Para todos os nativos

Escorpião

Lavas renascerão entre teus seios
Assim que o convidado de honra entrar porta a dentro
Te ascenderás e a tua casa invadirá
O teu negro abismo fundo de mangue minguará com o fogo
A luz intensa te cegarás

Tu engolirás o escuro que por detrás há
para cuspir o veneno revelador
O que corroe, O que destrói,
Rapta, descerra
E à ferro marcará a tua testa
Com o que te assolas

Depois que a água se despir do cobertor de chamas
Tu poderás beber o lodo quente da dor
E desmaiar nos braços das sereias de mármore

Da pedra, o amor
Da pedra, o perdão

Do abismo ao mar de gelo
O cristal trincará ao absorver a luz da Vida Sol
Lágrimas de Fênix fecharão tuas feridas
As tuas portas de saída
E renascerás do pó

A rosa de vulcão colerás depois da passagem
E belo, renovado, prepararás as outras casas para o claro.
E será colocado a missão da revelação do oculto
Somente para ti

Ganharás nova vida se agüentares o peso do segredo
O contato com zelo
A certeza da morte por detrás dos olhos...

terça-feira, outubro 20, 2009

À Sombra da Oitava Casa

Onde me aperta a ferida?
É quase 23 de Outubro, querida!
Escorpiões vivos brotarão da minha pele
Famintos por regeneração.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Ferro Impessoal

TUDO PASSA E
EU AINDA NÃO
PASSEI.
ENTÃO, QUERO
SER
PASSADO.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Foi-se

"A hora do crime precede a hora da
vingança, e o espetáculo continua.
cada um na sua, silêncio."
Torquato Neto



Do quente doce se fez o precipício
Na lava grossa nasceu o vão
Da transformação surgiu o medo
Aventuras, paixões, dedos
Os meus estavam nas tuas cavernas:
Mas os filhos do dia não suportam o pântano das vísceras

Pobres: andam na ilusão da luz disfarçando suas trevas.
E como réplica, a manhã se fez noite, a palavra foice
E tudo do belo oposto complementar murchou,
O sol despencou
Embalado ao som sombrio das terras que racham.

terça-feira, outubro 06, 2009

Angu de angústia

Lá embaixo existe uma boca aberta que tudo chupa e tudo quer introjetar. Come o tudo absorvendo o nada. Não gosta de dentes. Na verdade se identifica com que pensa que não projeta a fim de se livrar dos molares duros, caninos vampirescos e tem horror a quem utiliza tal arma afiada para se satisfazer: - Eu não destruo, eu não mordo, eu não faço essas coisas.
Vê-se solta, dissociada de qualquer parte. Imagina ser independente, sem corpo, sem o resto. Pensa que assim como ela, outras partes também andam soltas: seios, coxas, outras bocas. Algumas são ruins, perigosas e ao mesmo tempo em que sente medo, o medo de a qualquer momento ser atacada, fantasia que todo o bem do mundo está concentrado na parte igual e oposta das coisas. Quer se salvar. Quer novos sabores, novos prazeres, outras tetas. Sabe que a angústia significa o sem gosto, o gosto que não se tem, não se sente. Nada pior que uma boca que pensa que é o centro onde o redor não faz mais sentido. A boca não quer entrar em contato consigo e saber qual o gosto que a boca tem. Não quer saber de que cor é a sua língua, a sua saliva, não quer ver que é da natureza da boca ter dentes, morder, explorar, arrancar pedaços e se alimentar. Medo de desvelar a verdade que é só sua. E para não se sentir inchada de culpa, se cobre de desprezo. Escarra o que não vai para garganta, cospe na cara dos polidos. A boca se come para não comer. Porém, sua tolerância à dor é mínima. E assim se arrepende quando no auge do desespero da fome tudo quer pra si, tudo quer mamar além do que o seio leite pode dar. A boca é pequena, mas voraz. Quer se embriagar, por mais que negue, não quer devorar, quer degustar, por mais que cuspa quer lamber. Agradar, sentir o prazer de deixar o bom livre, de não querer tê-lo pra si, quer deixar fluir, quer se reparar, pedir desculpas, se despir da culpa. Mas não consegue parar de comer o prato do qual fez predileto - o angu da angústia.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Pratrás

NÃO SABIA QUE CRESCER ERA PERDER AS INTIMIDADES.