Quem dera tivéssemos em nossa cidade um templo de Minemosine, Deusa da Memória. A dor, o único sentimento que ainda restou daquilo que se amou e se perdeu, seria apagada e a paz restaurada. Minemosine como uma psicóloga mitológica, poderia nos ajudar a desvendar o motivo pelo qual ainda mantemos vivo este sentimento mesmo que ruim, mesmo que torturante. As lembranças são como um corpo na água. Algumas fluem profundamente, fora do alcance. Outras fluem naturalmente sobre a superfície. Para achar a origem do sofrimento seria necessário realizar uma viagem através das lembranças e entregá-las à Deusa da Memória. Quando achássemos as respostas, teríamos de decidir se ainda queremos conservar o nosso passado ou perde-lo para sempre. Conservar o passado seria viver com a verdade, a razão da dor e o porquê que a mantemos viva, a aceitação e todas nossas lembranças; com a perda de toda nossa memória nosso corpo perambularia sem alma, sem história, sem reconhecimento de si mas sem a dor e em uma paz quase que infantil. É o preço cobrado por Minemosine. Entrar no templo da Deusa da Memória seria uma dávida para aqueles que querem beber da coragem do fundo das almas para que se possa encontrar os paraísos escondidos. O preço é alto, porém o reconhecimento da própria verdade é a libertaçao de qualquer sofrimento.
Este texto foi publicado no antigo endereço piasuja.zip.net que fora excluído.
Um comentário:
Mi
Essa vc se superou hein? Parece q estou diante de uma autêntica lenda grega. Sabe q meu nome vem de nemesis, memória. Pagar o preço pra ir ao fundo da verdade do sofrimento, como isso deve doer, mas em compensação, a liberdade, isso não me parece ser uma lenda. Viva a mitologia grega, minha terna amiga.
08/02/2007 00:58
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