Andar por ai sem se dar conta das armadilhas subliminares. Seu poder vibra em uma frequência que não saberia dizer se viu ou se ouviu algo, alguém, alguma coisa, pois a teia é de espessura invisível, ficando abaixo de qualquer esperteza de percepção. A frequência que corre abaixo, quase um ruido, longe, inaudível, dando a ingênua sensação que existe mais de algo para se ter contato. Mas a desconexão vem a cavalo, no submundo da capacidade do tímpano de memorizar. Deixa algo por dizer, por saber mais claramente um gosto insípido de paladar. O que realmente há para se saber está estreito. Ousar entrar na senda, perdido entre as palavras, os gestos, as elevações de voz, o elo embutido meio a mil coisas malditas. Dizer o impensável, habitar um mundo incompreendido de realidades impensadas. Subjugado por assim dizer...
segunda-feira, janeiro 26, 2015
domingo, janeiro 18, 2015
sábado, janeiro 17, 2015
Inopinadamente debruçou-se sobre o meu caminho. Tensão branca, congelada no salão insalubre. Pouca luz, poças pelo o concreto, paredes queimadas. Fim de festa. Ela vestia uma túnica negra e se equilibrava sobre as pernas esmaecidas, olhos vencidos:
- Me tira daqui? imprimiu sufocar pelos os arredores. O lugar era estrangulador. Eu pedia clemência para a Santa dos Desvalidos.
- Levo você para onde quiser - A vontade que tinha era de segui-la pela cintura com a firmeza da minha afirmação.
Inesperada beleza como quem anda por cima das cinzas e à esquerda do beco, se depara lambendo uma parede cor de rosa: um doce de presente. Colocou as vísceras, apegada aos detalhes, se escorando na parede. Saiu, voltou, entrou no lodo e de lá, trouxe uma taça bailarina de vinho. Brindou a vida na fossa. Dançou. Disse-me sinceramente que o amor eterno era o prazo do diabo na terra e me revelou o segredo da quarta-feira de cinzas.
quinta-feira, janeiro 15, 2015
Lentes para contato
Deixo os óculos escuros nas horas mais claras.
A hora que não penso que chegaria a passar.
Dada a largada de ir embora
Marcado para a hora agora.
A hora que não penso que chegaria a passar.
Dada a largada de ir embora
Marcado para a hora agora.
Um bolo para Danielle
O café perdeu a visita. Levou um bolo. Seu destino foi destinado a não se cumprir. Seguindo seu caminho engarrafado por uma noite intocável. Pela manhã, o recipiente que lhe dava forma, ganha outra, o café anoitecido é derramado na pia e ganha um novo destino, por mais outro filtro. Tudo menos um café cozido. Mais um repetido. "Inventário do ir irremediável" sobre a mesa, um telefone morto, mudo. Um vaso de dollar verdinha, verdinha, uma cadeira vermelha de espera vazia e o cheiro de mais um café impregnando a casa. Lembra alguém que não chega e que nunca chegou. As palavras que racham a língua são as mesmas pelas quais o meu ouvido pinga. A fenda possível dividiu o coração dela em dois. O mal que corroí é o mesmo que enferrujou o bloqueio de aço encouraçado. Onde aprendeu a se acomodar com o desamor, as migalhas de um sentimento ostensivo e triste? Guarda agora as malas e só quando tocar a campainha, saia correndo para receber a quentinha do amor pouco. Aquele chá da tarde inexpressivo já não posso oferecer. O pouco da distância proporciona a ilusão aparente de amor lúcido. Se as horas passam é por alguém que não chega e amaldiçoado, deve ficar entre os restos ou derramado.
domingo, janeiro 11, 2015
Trevoso
Sinto- me compelido ao ódio por amor. Arrastado para o
sombrio, a luz irradiante esconde a chaga. Demasiado desejo a vácuo, eco não
reverberado. Da força divina amorosa ao desespero do mortal caído em trevas, o
amor passa a existir em modo amaldiçoado.
Lânguido por sua força, cobra devotado a dor ao que cabe ao amado. E
vulnerável, torna-se ameaçador. Faca
afiada certeira. Flecha venenosa reta.
Bala cravada como estaca. Em uma poça, beber a vida de sangue do amor conjurado. A sede de vida por sangue
pode causar a morte. Morrer por brindar insaciavelmente a posse.
sábado, janeiro 10, 2015
Pia Suja Quarto - Outro Novo Mesmo Ralo
Vamos colocar mais uma vez o Pia Suja no centro do palco - batuque, dança e luz à pino. Pensar em pias sujas como desprazer rotineiro ou prazer continuo. Se acumular, monstros se levantarão pelo ralo e cada louça zumbi não irá causar nenhum mal além de estarem a espera - prerrogativa para a solidão - sobre a pia. Sorte de quem não tem essa fobia. Faz bolo com a panela de macarrão e molho vermelho. Não teme remorsos de ralo, pois a pia não vai devorar a mão. Sabemos que, com o tempo, pode... não sabemos. A ordem está para o caos como o caos está para as pias. O Pia Suja se iniciou copa, preocupado com os enredos das coincidências e observações sentidas. Fatores que habitam o profundo. Por diante, passou a olhar mais para o ralo interno, vão de trevas, desvão de tréguas, cavernosas indagações. A magia comportamental para quem passou a querer saber como a louça da pia - tirando nosso benevolente ato mecânico instintivo consciente de lavar - aparece e desaparece pelo o efeito da sua condutora água para o ralo. Assim, debruçou sobre o olho que vê na posição central da cuia e se desdobrou em Pia Suja - Pelo o olho do Ralo - batuque, dança e luz à pino. Insuportável odor sedutor, roubou suas narinas e conduziu por encanações trágicas e, encanado, entupiu paralisando os canos. Da explosão dos tubos ao esgoto, e por desgosto, passou a existir em outros estados viventes, adaptável ao ambiente, como ratos, baratas, todo o reino de larvas. Descobriu que no sub mundo existem alas: a todo instante se tem a sombra como companhia. Nos becos insalubres escorreu anônimo, desapareceu em si. Seu paradeiro tornou-se ignorado e para além da cuia, já não sabia mais onde estava. Batuque, dança e luz à pino - Pia Suja - para além do Ralo. O que havia depois do ralo senão outros buracos negros? Claro, o desconhecido - onde tudo é enamorado! Onde a raiz da dúvida do ser ou não e em que modo, se instaura para o desenvolvimento do potencial em tomar escolhas. Os enamorados da cena marcam as taças com vinho e o corpo com mordidas ou podem escolher a partida sem mais pias. Escolher aparecer ou desaparecer nunca se tornou tão fácil. A relação de cara pro ralo durante as comemorações de pia suja desde o primeiro aniversário. Pois não há possibilidade de se contribuir para a pia do velório e nem beber o morto quando se é o si mesmo. Experiências de quase morte naturalmente revelam outras realidades para além do visto, outras possibilidades de existir aparentemente igual, mas nunca o mesmo. Aparentemente, o blog Pia Suja agora - batuque, dança, surpresa e luz à pino - ressurgiu de outro estado das formas lodosas como Pia Suja - Outro, Novo, Mesmo Ralo.
sexta-feira, janeiro 09, 2015
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