sábado, julho 26, 2008

Escorredor (Ex - Corre - Dor)

Para o Dia Azul


Lavei os desejos do futuro

com o detergente do presente.
Enxuguei a saudade do passado
com o pano de prato
do momento.
Guardei nos armários da memória
em cima do medo.

sábado, julho 19, 2008

NO SATISFACTION (Erro do sistema)

Para Rômulo P.
A AMAZONA DO DESTINO SELVAGEM, EM SEU CAVALO VERMELHO, QUER CORRER NUA NOS CAMPOS DE '70.

segunda-feira, julho 14, 2008

Flor do Oriente

Ela andou comigo em meu cavalo vermelho sem medo. Comeu da minha comida. Bebeu da minha bebida. Dormiu na minha cama, velou o meu sono na cadeira. Li suas pegadas no meu destino, as pegadas de outras amazonas no meu destino. Ela falava sobre bad trips, coca, supositórios. Sentamos ao vento do mar e ela me dizia como era terrível o barulho nas pedras. Lua em escorpião e dizia que queria ouvir até ficar empapuçada disto. Cantávamos quando as palavras já não explicavam mais. Íamos do punk a bossa nova num instante. E através dos sons sentimos que os nossos reflexos ainda estavam juntos no espelho das almas. Senti um vazio que preenchia meu estômago de paz, de um silêncio cantado. Chorei para regar.
Ela retornou pelas suas estradas até a sua atual casa deixando em mim a semente que sempre deixa para colher quando sentir que floresceu:
- Sumo, mas te amo
.

sábado, julho 12, 2008

Quando a Lua entrou em Escorpião

Éramos sós. Entrei devagar. Fechei a porta, abri o casaco. O quarto era junto com a sala. Um sofá azul. Living us. Blues. Descalcei os sapatos. Abri o seu casado, soltei seus cabelos e minhas mãos se perderam entre fios, olhos, boca. Deitei no azul. Ela deitou abrindo meus botões, tirando sua blusa. Deitou sobre o meu azul. A paz no incenso isento de passado, ruas, estranhos, amigos, alheios passos. As palavras eram a meia-luz, o som. Segurou levemente os cabelos e entreolhou meus vãos, meus contornos, amou meus olhos com as mãos, os próprios meus seus olhos. No profundo da alma tocava e minhas pernas tremiam por estarem entreabertas, ela nos meios. Navegava devagar e remava com cada toque. Me sentia anterior a qualquer linguagem e me bebia. Me tomava firme e andava sobre mim. Estava cúmplice a cada passo do corpo dela entre meus corredores e eu não indicava. Ela sabia cada parte sem ter me conhecido, placas, sinais, adesivos. Era forte porque assim me sentia e se desprendia de si para mim com fé em minhas águas mansas. Sabia que assim era a fórmula da troca. Ela já tinha bagagem e viajou pelos rios da saliva, do ardor. A ponte do corpo percorria e me colocava por baixo para seguir seus passos. Ela por mim, em cima fluía, se mexia, remexia, dançava ao ritmo dos corpos. Astro e signo. Eu evoluía. E mesmo quando o gesto se soltava em nossos concretos, o silencio cantava. Nada além mais, se sentia a vontade, era espontânea a alma e o amor se afinava. Bastava.

sexta-feira, julho 11, 2008

Pela Legalização da Droga do Amor

É como encher a cara de cerveja “Guilts”. O desejo de ficar locão por alguém independente da ressacada do depois. Mareado sentimento. E desesperadamente alimentamos nossos vícios nos cios alheios. Já se falou muito em fast-food, mal necessário. O barato é o seguinte: quando pensamos que atingimos um alvo e juramos de pé junto que sim, sim é esta pessoa, este alvo tem algo que nós identificamos quase que de imediato:

- Adoro esse tipo de barato. Essa mina tem uma coisa que me... Não sei explicar, mas acho que dá pra arriscar a pegar e...

Mas aí eu vos pergunto: o que será esta droga de amor além de uma droga? Além de um barato para se experimentar?

E com este tal amor vem o tesão, vem a paixão e todos esses sentimentos massacrados listados em papos como estes. Bem sabemos que estes sentimentos são o barato e os únicos que os nossos sentidos captam e não explicam e excitam.

Dependendo da droga afetiva, o relacionamento segue seu drama nas desventuras de um viciado atrás do seu vicio. Mendigamos para conseguir, roubamos, escravizamos, morremos e até matamos por amor. Dito amor. Amor, amor... E então o que seria uma melhor definição do que esta? Podemos até ilustrar o fato com atual polêmica de Amy Winehouse que vive tão loucamente cheirando, tomando e fumando suas drogas ao mesmo tempo em que vive em uma droga de relacionamento. Quase que não tem distinção. Ela só materializa seus sentimentos que dão a impressão de que uma droga compensa a outra e tudo fica mais louco quando se mistura.

Passamos aqui o tempo todo tentando modificar o que nos cerca e quando finalmente conseguimos, não queremos nos adaptar ao que nós mesmos modificamos recorrendo às mais diversas fugas. O modelo antigo de amor ideal caiu por terra.

- Não, não minha menina, príncipes encantados não existem mais. Agora só há viciados. Idealizamos o amor certo a moda dos contos de fada na era da internet onde em qualquer chat, (veja!) como nas paginas amarelas, vemos: “Mostro meu pau na cam”.

Na década de 40 não era assim. Décadas e décadas atrás o homem se excitava ao ver o calcanhar da mulher levemente exposto dentro de tantos panos e hoje é “chupo sua buceta” como codinome. Não que naquelas épocas não houvesse sacanagem. Havia sim e muita! A diferença que nos dias de hoje a sacanagem é pública e normal. Então se isto de fato é encarado desta forma, por que ainda continuamos considerando o amor e buscando as sentimentalidades da maneira mais medieval possível? O amor adaptado aos nossos tempos pode ser algo comparado à normalidade das relações promíscuas, às relações de adultério, às relações doentias.

Que seja então decretado o fim do casamento, a abolição dos compromissos e que o amor verdadeiro e eterno seja desmascarado como falso e arcaico. E que o amor (amor???) tenha o direito de se drogar e se prostituir dentro dos relacionamentos decentemente. Desta forma, livraríamos-nos dos sentimentos mais mesquinhos como a mentira, a culpa, o remorso e viveríamos condizentes ao nosso tempo dentro de uma poligamia dissimulada e degradada.

E para os que ainda possuírem o modelo antigo de amor como meta deveriam optar por ficar sozinho (mesmo sabendo que hoje ninguém se sente energizado o suficiente para tal) ou esperar para que A Providência Divina faça com que este ser humano sonhador encontre outro da mesma forma para viver o seu conto de fadas isolado.

Mas quem vive de free-lances nos relacionamentos bem sabe que este sonho careta não dura e que este pobre sonhador terá que se prostituir também para ter uma lasquinha da droga do amor.

O amor é produto de mercado assim como a droga, e esta condição de produto tira toda luz dos nobres sentimentos. Esta comparação se mostra tão real que poderíamos defini-la como “Modelo de Amor Ideal na Idade Contemporânea” onde encontraríamos toda a ilusão e a desilusão dos viciados não adaptados.

quinta-feira, julho 10, 2008

Telegrama Telepático

Sei que estamos muito longe, mas você precisa reencontrar o seu caminho de casa. Mesmo a espera, sinto como se também estivesse voltando para casa devagar, devagar.

De quem não quer te perder.
D.C.O.

quarta-feira, julho 09, 2008

Medusas Despedaçadas

De e para Valdir Alvarenga


Bebidas feitas do lodo da vala da balada interna, interminável som do diabo, opera do inferno, canto dos malditos. Beco dos desequilibrados, perturbados, liquidificados na dor. Dormência da consciência, crença da ciência ciente que não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Espírito Santo na piração da ação dos feitos de reação dos aflitos. Muitas vezes diabólicas, as cólicas dos vermes dos restos imortais do amor, do descaso do desamor. Dor do ventre, entre as lacunas da mente. Picos estratégicos dos abismos épicos das almas que se atiram sem sentido de estar, está lá onde caem sem tido corpo.
Libertação dos possuídos. Corpo dominado pelo próprio demo, demo de si mesmo. Perispirito errante, a esmo em busca do que há no outro desesperadamente o que não há em si. Olhos vermelhos intravermelhando olhos alheios, radar dos vampiros, cadeias de veias, sangue por todo ar. Iluminação de luz negra, pintando os espelhos das almas de preto cada corpo presente só pra se vampizirar. Droga ouro/rientaçao dos zumbis, lama dos porcos em pó, potestades da maldade usando hipnose para se vingar. Celebração das hienas, manadas de mal amadas passeando com suas prostitutas do amor. Grande teatro dos principados fazendo dos principiantes presas fáceis para aquelas que disputam para chupar. As Bacantes se enlaçam e Baco brinda com mais um contrato fechado de alma vendida. Auto-flagelo quente, mordidas e arranhões que marcam a pele e deixam sinais de que se é mais um viciado e adepto das coisas sem luz do Diabo.

domingo, julho 06, 2008

Bússola de Mergulho (Riqueza profunda)

A forma do teu amor antigo é o "Norte" subversivo para a minha ouro/rientação.

sábado, julho 05, 2008

Água Sanitária

O cloro clareia a minha forma de amar do escuro do teu amor avessado.

quarta-feira, julho 02, 2008

Mars rouge

Fantasia e realidade me disputam
A fantasia tem dons curativos
Quando a realidade me faz Sangria com gelo.
Bebo e me visto de vermelho, quase púrpura.
Saio para mais um ritual d’água.

Muito além das ondas (frequência pirata)

Ao som de Dolores Duran - "Ternura Antiga"
- Olha, eu nem sei o porquê que eu tô te ligando agora, mas é porque, de uns tempos pra cá, você não me sai da cabeça. Tenho muita saudade. Sei que não tem motivo. Eu tô bem, mas não me sinto satisfeito. É como se eu quisesse de todas as formas fazer parte de algo secreto, de uma vida secreta e cúmplice. E só tive isto com você.
- Onde você está?
- Em casa.
- Estou indo aí.
- NÃO!
- Por que não? Você não está sozinho? Seu namorado está aí?
- Não, não está. Tô sozinho.
- Então eu vou. Tchau...
- NÃO. NÃO. Olha não vem não. É melhor não.
- Por quê? Ele tem a chave da sua casa?
- É. Tem...
- QUÊ? NÃO, NÃO. EU NÃO ACREDITO. Você deu a chave da sua casa para ele?

- Dei. Eu sei que que não deveria, mas...
- Olha, até logo. Passar bem.
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