domingo, setembro 21, 2008

Chico Nega Geni

Eu não presto. Sou vida fácil, vida solta louca do meu cu. Uivando nas ruas, espalho o gozo do meu cio nas bocas das moças desafortunadas, de bandida vida, boêmia. De vermelho-sangue, demarco o território com batom no ombro dos paletós dos ingênuos nas pistas girantes. A solidão me basta num copo de gin. E faço do meu corpo parque de diversão das crianças iniciadas nos delírios das paixões. Escolho um lugar secreto para viver a morte do que endurece por dentro, invade, sangra e late. Sou a cachorra que morde até o grito, que berra até ficar rouca, a vadia no ar até a rigidez do amor. Nas bocas do lixo me reciclo, me alimento do excremento que jorra do homem sujo, sou o alvo da metralhadora do desejo. Sou uva na boca das bocetas. Sou o que coloca de quatro numa ménage à trois, sou o que fode por trás, explorador das vulvas encharcadas de delírio, bebo e me embriago com a doce dor do sangue da violência do meu pau depois de bater fundo no útero das fêmeas noturnas. Primitiva, me lanço a cavalgar por cima, amazona que cruza com centauros vagabundos relinchando de prazer. Sou paga com a porra que escorre da boca daquelas que se atrevem a engolir. Bebo num beijo de gosma e cuspo na carne fria do homem que acaba de gozar. Sou a terceira da brincadeira. A primeira a sair. Despedaço-me, desarmo, desiludo me monto e sumo.

domingo, setembro 14, 2008

à Simone
No final
Não sabia que era miragem
O reflexo na água
Do oásis da emoção

sábado, setembro 13, 2008

à Simone
Nesse deserto de almas
Meus pés calçam a viagem da areia
*Aridez suave
Entre a poesia e a prosa
*Cactos de água doce
Poeira de estrela
*Incendiando a razão

*Valdir Alvarenga
à Simone
Dentro da canoa das brumas
O teu braço é meu remo
Os teus olhos, meus faróis curtos
Tua alma é meu combustível
Meu abuso
Minha doce indiscrição.
Languida certeza:
Tenho- te inteira no fim da viagem
à Simone

No vaso de flores murchas
Azaradas
São arrancadas
Separadas de sua terra-raízes
Morrem de excesso de água
Moribundas no mar da solidão
à Simone

Corre comigo no escuro
Porque a Terra é alma gêmea da Lua
Comer do fruto licito do amor
Pela dor da morte
Dos nossos corpos-fogueira
Na noite alta da paixão