O BLOG PIA SUJA ESCORREU PELO RALO.
quarta-feira, dezembro 10, 2008
domingo, dezembro 07, 2008
terça-feira, dezembro 02, 2008
Sinastria - Parte II
Para Sarah Antunes
Teus Leões envenenados devoram meus Escorpiões.
As almas se preparam para se tornarem água quando os corpos se tornam ponte de fogo para se alcançarem. Esfregam-se numa tentativa de cortar veias penetrando através de canais para beber o gozo do mais puro sangue visceral. Aceleraram o ritmo para que se possa atingir o grau mais violento do jorro sepulcral. A velocidade pode destruir pontes! A morte iminente é a satisfação de um recomeço, que em algumas vezes, pode ser múltiplos, simultâneos. Uma pausa em um movimento. Um movimento estático. Algo que continua parado e que imóvel é frenético. Este talvez seja o estado de inércia cujo piloto automático é acionado pelo instinto. Mais uma transformação: de repente tudo tão de alma se torna primitivo. Cada parte de um ligado ao outro por correntes, mantendo tudo bem firme, preso. Os nós são as mãos. Quem domina mina o corpo com empurrões, com mordidas, com arranhões. Mina por mina e em cada explosão um grito: a voz ecoa constante em gemidos. A dor é o motor para toda invasão. Pequenas aberturas são arrombadas. Os vãos são alargados e alagados. Escorre os meios com a água que sobrou da alma invadida. A caça convence o animal a dilacerar enfurecido sua carne, a comer seus pedaços. Prende e entontece sua presa com violência: ela se dá por vencida e não oferece mais resistência. A obediência é o respeito pela força. E a traição deste ato é do veneno do desejo. A brutalidade já não pode mais se mover. O veneno já o alcançou. O fruto proibido foi mordido e o pecado precisa ser expulso da pele. Expulso aos gritos, aos berros, urrando a dor do corpo.
O inferno abre as portas para o prazer sair. O animal fica imóvel diante do desejo agonizante, da fúria da morte da caça antes do desfalecimento total. É o respeito em troca pela doação.
A voz ainda vibra em curtos espasmos. Os corpos em chamas diminuem a freqüência permitindo com que a água sagrada do começo das almas voltem ao seu estado original. A ponte percorrida é desfeita e os animais são recolhidos. O fruto do amor é posto em seu lugar. Abrem-se as portas do paraíso.
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