sexta-feira, maio 22, 2009

Nove mil vestidos rasgados

“Descansa. O Homem já se fez o escuro cego raivoso animal que pretendias.”
Hilda Hist


Antes de trancar a porta - disse:

- No canto da sala, eu enterrei três estrelas vivas. Quando finalmente morrerem, quero que as vista com os vestidos que costurei rasgando a minha própria pele; regue-as com o balde de lágrimas que deixei na cozinha e deixe-as expostas no jardim para secarem.

Voltarei para a Ascensão no segundo funeral.

5 comentários:

Janete Acordes disse...

Descansa...
Por pior que tenham feito da humanidade;
Vejo a vida cor-de-rosa!!!!
E meus sonhos vivos, estes guardo intimamente.
Vao morrer. Sei!
E por eles ja dei a minha vida!
Que retornem entre lagrimas e que todos vejam!
Voltarei. Voltaremos!
- Eis um texto que não ignora a dura realidade de viver enquanto se embriaga em esperanças.
E se entrega!
Sim... "deixe-as expostas"! Deixe que me vejam.
E se vejam em mim!
Parabens!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Esse texto se resume em uma só palavra "Esperança" O que nunca devemos perder de fato.

Parabens!!!
Bjao

Unknown disse...

lindo jogo de palvaras, forte na emoção e triste na essencia, mas estranhamente esperançoso

Francisco Vieira disse...

Uns faróis

Um jantar está exposto:
assim bizarro, louco, apaixonado.
O jantar onde os bárbaros se fartam,
onde as donzelas se saciam,
onde a fera dorme.
No chão frio, mole, três estrelas
aguardam, lentamente, a morte
sugar-lhes a última essência:
abaixo da mesa do jantar.
Principescamente.
Doce, mas ainda arde a chama em
seu peito:
Lívida, oposta, invadida,
segregada...

Júnia Andrade disse...

O sangue gritava do espelho quebrado algo parecido com "Você está louca!", enquanto o desespero feminino fazia tremer as mãos e escorrer um vermelho vivo - que tingia o vestido e saía pela porta dos fundos sem deixar recado pra face congelada no chão.