segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Ouvidos da alma

Sim. É aquele som novamente. É aquele barulho antigo do despertador, mas agora com outra hora para levantar. É um som obscuro, com cenas do futuro de um passado que já redigi em algum passado antes desde passado que é o único que lembro. O que os ouvidos da alma captam, suspeito. A alma pode ser um rádio de alta freqüência sintonizando a estação de um tempo que já existiu (ou existirá num futuro que já foi esboçado num passado que chamarei de eterno). Um espaço/tempo que não lembro, que nem sei se existe com o som de outro cuja probabilidade de existência é maior. Entende? Não, não. Não é confusão. Pode ser mentira. Erro de transmissão. Se eu confio? Só quando as imagens entrarem em harmonia com estes sons. Até lá, eu especulo. Não posso deixar de ouvir. Eles me chamam pelo nome. É tudo que sempre quis sem saber que já queria e pedir ao futuro este presente, já não peço mais. Não peço mais nada desde quando esbocei portos onde nunca deveria ter atracado. Não peço mais nada à corrente pra não acabar naufragado de novo. Só sigo as águas novas usando o meu direito de arbítrio. Nada de mapa de salgamita. Nada de rotas imaginárias. Nada de pedir às entidades do tempo para que não me tragam nada de dúbia interpretação e o dito virar maldito, o certo errado. Essas coisas do avesso. Eu só irei fazer o papel de ouvinte. Sem desejos.
Este texto foi publicado no antigo endereço piasuja.zip.net que fora excluído.

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