Tinha sido convocada para uma reunião sem aviso prévio em uma sala mental com os meus demônios. Principados da culpa, potestades das lamentações, demoninhos do sem sentido. Tomei a palavra e criei fugas. Escrevi. Disse que iria comprar um livro para satisfazer o demônio mais lindo da luxúria sem expectativa de leitura e conclui: demônios aconselham. Fui até a Praça dos Andradas onde ficam algumas bancas de sebo. Fui falar com Jorge. “Qualquer livro cujo título me chamasse atenção compraria” – pensei no caminho como sempre penso em dias assim. Subo os olhos nas estantes de fora da banca e meu olhar cruza com “Morangos Mofados”. Imediatamente, minha boca enche d’água: - Jorge, você sabe como é difícil encontrar um livro do Caio e há quanto tempo venho te pedindo?! Um livro desses nunca aparece por aqui, não é mesmo? Transei com o demônio do prazer e calei a boca dos demoninhos do sem sentido. Era a 9ª edição dos “Morangos” de 1995. A última edição lançada com Caio ainda vivo. Hoje se completam doze anos de sua morte. – Sincronicidade, menina! – disse Valdir, o anjo das letras a noite no Almanaque. Viajei na hipótese de Caio ter intuído meus demônios (que é mais a cara dele!) e me levado até Jorge e até ele no dia. Fiz uma festa de fato. Reguei com cerveja, pessoas queridas, antigo amor, cigarro e transa. Tudo a cara dele com aquele vazio de final sempre crucial a ser sentido pelos personagens. E até me tranquei no dia seguinte exatamente como faria um ícone desiludido tentando encontrar algum prazer na solidão. Tudo na minha “Natureza Viva”. Doze anos é tempo pra caramba e eu brindo a ti Caio em uma data tão importante de libertação com a esperança de que um dia comemoraremos juntos da mesma forma que fazia em teus aniversários de vida.
3 comentários:
ganhei morangos mofados ontem. coincidencia?
TELO VAS POR CAMIÑOS IMPRESIONANTES, LUEGO TELO VUELVES EN UN SENTIDO SUPERIOR A LAS IMAGINACIONES DE LA CABEZA PREDICADA.Y AÚN LO BUSCAREMOS EL NADA EN EL TODO !!
BESOS
Espero por novos textos assim como aguardo sua primeira metade do texto que escreveremos a quatro mãos, ou a duas mentes, ou num corpo só! Grande abraço!
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