sexta-feira, maio 30, 2008

Um presente para Mar/Isa



La Belle Isa qui parle la Langue de la Mer.

terça-feira, maio 27, 2008

Ondars

Olha, eu vou te dizer que esse teu jeito manso me interessa.
Esse teu olhar que não sabendo sabe onde olhar,
Fixo, sem razão de ser sendo brando me interessa.
O que hoje me doeria à beça se eu não soubesse onde queres
chegar
Eu diria olhando o teu olhar pra te interessar
Que esse meu olhar brando, manso, fixo
Foi encanto pra te encantar com o meu canto te encantando
Bem no canto desse teu olhar fixo, manso, brando pra me
encantar.

quarta-feira, maio 21, 2008

RÁDIO ALMÁTICO: MODO GRAVADOR - ÚLTIMA PARTE

Liguei o rádio:


"Esta parte última será gravada para os escafandristas. Porque já não sou mais navio, não procuro e nem estarei em portos ou ilhas ou cidades. Não estarei na superfície nem em canoas ou tocos de madeira. Não estarei na praia, nem na beira de nenhuma espera. Já te libertei e me libertei das projeções falhas de futuro. Toda e qualquer. Será lançado agora ao Mar o que na verdade nunca existiu além de laços de ficção ou projeções para que não houvesse morte. Mesmo assim, não deixará de ser Eterno pois de alguma forma o Mar eterniza o que é deixado ao fundo, porém sem perspectiva de vida numa mesma vida. Planos, projetos podem ser reencarnados na face de outros amores, outros sentimentos. Na verdade nada mudará. Já que se tem tanto medo desta realidade. Só serão outros personagens. E estes futuros amantes quiçá.
A desconexão estará completa quando for gravado o impacto do rádio nas águas de Oloxum. O que poderá ser gravado no agora último."
Lancei o rádio ao Mar.

terça-feira, maio 13, 2008

Deusa dos Lemas (sabedoria falha)

Para Rebeca Nishikawa

Saiu de casa e deixou um bilhete em cima da cama:

O que não destrói só fortalece. Amor Único. Uma guerra no inverno é diferente de uma guerra no verão. Tomara Deus tomara que tudo que nos amarra seja só amor malha rara. Amor Maior. Eros, Philos, Ágape, Philisteros, Erosphilista, Estergo, Estergoeros, Anteros e seus dialetos. Linguagem do amor. Amores profundos. Dor de amor raso. Beber da coragem do fundo das almas para que se encontre os paraísos escondidos. Amores de plástico. Meu coração é uma sanguessuga na pele do amor. Amor de verão que não muda de estação. Amor Mestre. Há tanto amor dentro de mim que seria pecado da minha parte dá-lo a um único ser. Águas revoltas. A Lascívia. Seria fácil bagunçar a estante, espalhar os livros no quarto. Arrumar que é complicado. Batalha em comum. Deusa Lua mensageira. Caprichos das Valquirias. Ultrapassar a arrebentação da Paixão. Alimentar um sentimento que não sente mais fome é eternizar o sangue de feridas fechadas. Cinco passos para o desamor. Em meio a tempestade a saudade é a minha Casa de Chá. Relação de piloto automático moderado. Vênus seco. Navios de todos os tipos: os de plástico - que naufragam nas tempestades de fogo; os de ilusão - que são tocos de madeira; os que entram água – cansativos; as canoas de um só. Tem gente que é porto. Tem gente é que navio. O mar da desilusão. As águas escuras. Os dias de eternas noites. Linguagem das almas. O porto seguro. Amor Eterno. Ilhas primitivas. Alquimia; Alquimia atrevida; Amor Completo de Saigon. Enlutamento. Lua Negra. Métodos de como se afogar e salvar o afogado. Linguagem das Cores. Signos. Brados ao mar, minha cara! Linguagem do Mar para a Deusa das marés.


“Sigo a espalhar rosas em teu nome, a dizer tuas frases, a carregar você no olhar pra ter mais e mais certeza que sou maluca, maluca por você. Não demoro. Me espera que te amo."
Dizia apenas o bilhete.


sexta-feira, maio 09, 2008

Inaê - A Linguagem do Mar

Eu tremia. Achei que fosse de frio. Janelas e portas abertas do céu castanho. O barulho do mar me embalava num som em ondas. Achei que fosse a saia jeans, a blusa decotada. Eu vibrava. Era uma oscilação curta, constante, abusada. O ritmo das minhas mãos era de água salgada. Os meus pensamentos era fogo em terra úmida. Eu sintonizava. Achei que eram as expectativas decorrentes do ar que sentia bater dentro. Não imaginava que fosse de fora o vento que a minha pele ouvia. Como numa orgia sensitiva, meu sexto sentido entrava quando nada tinha senso. Eu ganhava. Achei que perdia e perdida rolei os dados: abri os oráculos. O tempo não imaginava que eu o transcendia. Eu pulei as ondas do começo. Pulei sem parar onde preciso de autorização para penetrar. Penetrar a Mãe do meu outro eu que me originou. Me tornaria a Mãe da filha que me concebeu. Seríamos uma só. Eu podia. Eu tentei e emergi a nova linguagem. A linguagem dela antiga, dialeto esquecido nas profundezas de uma origem fragmentada e hermética. E assim, Ela me disse que era Aquela vinda do passado. Ignota. Eu ainda tremia. Mas já tinha a noção da minha percepção com a sensibilidade dos signos que desvendei. Fechei as janelas do céu. Hipnotizada tirei a roupa. O frio era quente e me levava para os braços das entranhas Dela. Me afundei na terra da água para ser aquela que Ela me permitia. E no meu ritual a beira do meu oposto complementar, me entreguei para as Deusas do Mar.

Para a Lua em Câncer - Mensagens

"Abra-te Sésamo - brado ladrão de Bagdá" (Wally Salomão)


AS FASES:


TRIÂNGULO DAS ÁGUAS

TERRA FIRME EM CAPRICÓRNIO

SÍNDROME DE SAGITÁRIO

QUASE COMPLEXO DE VÊNUS EM LEÃO

HORA DO OPOSTO COMPLEMENTAR DE ESCORPIÃO

AMADA SOL EM TOURO

quinta-feira, maio 08, 2008

LINGUAGEM DE LÚCIA

AIOR ONA - BORBOLETA AMARELA

Ela me deu um beijo doce. Me disse seu nome. Aquela que vem do passado, a primeira a chegar, a primeira de todas. Ela disse que já tinha ficado com o André Luiz e que tinhamos algo em comum. Ouvi dizer de uma amiga que as mulheres meigas eram perigosas e que era para se desconfiar. Não dei importância. Me disse onde morava, me disse o nome do rio que cruzava a sua casa e que nunca havia conhecido alguém que morava tão perto. Me deu outro beijo como se ainda estivêssemos nos reconhecendo. Doce. Saiu do carro, atravessou a rua. Saí também e a vi abrir a porta. Uma porta antiga de cor marrom e de onde eu estava sabia que não era sua casa. Vi uma escadaria de mármore também antiga e branca. Com um sorriso lindo, olhou para trás e eu pude ouvir nitidamente dos seus olhos que em breve eu poderia subir com ela também.

segunda-feira, maio 05, 2008

Love in box

Para Alexandre Alvarez e nossas conversas.

"O amor não é amado". O sentimento é descartável. É a caixa de papelão da fast-food. Abriu, comeu, saciou, lixo. E nem se separa para reciclagem. Exceto se é latinha de alumínio que juntando dá um qualquer. A sentimentalidade é absorvente "Modes", "Sempre Livre" - só pra quebrar o galho naquele momento sangrento depois joga fora. Lógico, ninguém quer sangrar pra Sempre e voltamos ao Livre! Tudo muito rápido. As pessoas se conectam em banda larga. Conexões pagas são várias conexões ao mesmo tempo, rápido, rapidinho. O amor é prostituído. Garota de programa virtual ilusionista. Pá pum. Passou, veio o tesão, lugar qualquer, descasca a roupa, metidinha, gozou, às vezes gozão, às vezes gozadinha. "Ah, mas eu comi. Eu dei. Eu gozei e próximo!" Cesta do amor na lixeira. Se é que podemos chamar de amor. Não importa - é afeto e o afeto afeta esteja ele em qual grau estiver. O fato que é essa onda de "Expresso Lixo" virou moda. Ninguém se afeta por ninguém real e se afeta por qualquer outra coisa ou um outro alguém sem ao menos tentar desenvolver o afeto que se afetou antes de um outro passar. Pleonasmo e ciclos viciosos! Fica a sensação de saciação por um tempo (fome que parece de corpo físico restabelecida no próximo CPÉ, Mc Donald's, ou o atual Gordão, veja!). Quando o afeto é mais afetadinho, pode até perdurar, mas logo depois vira consumo - os casais se consomem num purgatório insaciável, capitalista, consumista, materialista, individualista para encher o carrinho do mercado ou o do egão - de ego grande sabe? Ligam o tal sentimento que não conseguem desenvolver de uma maneira saudável no aparelho da paixão (a química, a boa foda, o gozo perfeito literalmente falando). Nenhum dos dois tem coragem para desligá-lo e o sentimento fica em estado terminal por um bom tempo. Uma hora se torna insuportável (óbvio!) - um mata e o outro tem que morrer. Quem consome o outro primeiro ganha e sai tranquilamente para consumir outros por aí. Tal fato é o motor para que as relações não se aprofundem, não cheguem a um nível satisfatório de desenvolvimento até o seu fim natural. Anaïs Nin já tinha nos avisado que o amor não morre de causa natural. Mas enquanto esta tara por fast-food for alimentada, continuaremos entrando em ciclos infernais de superficialidade, nos sentindo constantemente oras como comida rápida oras como embalagem descartável. Focar até mesmo na vida afetiva é essencial. Caso ao contrario este abuso pode virar uma gastrite na alma, uma úlcera no coração, uma esofagite na boca. É preciso respeitar as sentimentalidades e entender que cada qual tem o seu lugar e o seu tempo relativo de duração.
Tratar as emoções como um disk-delivery de “Love in box” é banalizar o sentimento e estagnar a alma em uma miséria afetiva desnecessária.