Lá embaixo existe uma boca aberta que tudo chupa e tudo quer introjetar. Come o tudo absorvendo o nada. Não gosta de dentes. Na verdade se identifica com que pensa que não projeta a fim de se livrar dos molares duros, caninos vampirescos e tem horror a quem utiliza tal arma afiada para se satisfazer: - Eu não destruo, eu não mordo, eu não faço essas coisas.
Vê-se solta, dissociada de qualquer parte. Imagina ser independente, sem corpo, sem o resto. Pensa que assim como ela, outras partes também andam soltas: seios, coxas, outras bocas. Algumas são ruins, perigosas e ao mesmo tempo em que sente medo, o medo de a qualquer momento ser atacada, fantasia que todo o bem do mundo está concentrado na parte igual e oposta das coisas. Quer se salvar. Quer novos sabores, novos prazeres, outras tetas. Sabe que a angústia significa o sem gosto, o gosto que não se tem, não se sente. Nada pior que uma boca que pensa que é o centro onde o redor não faz mais sentido. A boca não quer entrar em contato consigo e saber qual o gosto que a boca tem. Não quer saber de que cor é a sua língua, a sua saliva, não quer ver que é da natureza da boca ter dentes, morder, explorar, arrancar pedaços e se alimentar. Medo de desvelar a verdade que é só sua. E para não se sentir inchada de culpa, se cobre de desprezo. Escarra o que não vai para garganta, cospe na cara dos polidos. A boca se come para não comer. Porém, sua tolerância à dor é mínima. E assim se arrepende quando no auge do desespero da fome tudo quer pra si, tudo quer mamar além do que o seio leite pode dar. A boca é pequena, mas voraz. Quer se embriagar, por mais que negue, não quer devorar, quer degustar, por mais que cuspa quer lamber. Agradar, sentir o prazer de deixar o bom livre, de não querer tê-lo pra si, quer deixar fluir, quer se reparar, pedir desculpas, se despir da culpa. Mas não consegue parar de comer o prato do qual fez predileto - o angu da angústia.
Vê-se solta, dissociada de qualquer parte. Imagina ser independente, sem corpo, sem o resto. Pensa que assim como ela, outras partes também andam soltas: seios, coxas, outras bocas. Algumas são ruins, perigosas e ao mesmo tempo em que sente medo, o medo de a qualquer momento ser atacada, fantasia que todo o bem do mundo está concentrado na parte igual e oposta das coisas. Quer se salvar. Quer novos sabores, novos prazeres, outras tetas. Sabe que a angústia significa o sem gosto, o gosto que não se tem, não se sente. Nada pior que uma boca que pensa que é o centro onde o redor não faz mais sentido. A boca não quer entrar em contato consigo e saber qual o gosto que a boca tem. Não quer saber de que cor é a sua língua, a sua saliva, não quer ver que é da natureza da boca ter dentes, morder, explorar, arrancar pedaços e se alimentar. Medo de desvelar a verdade que é só sua. E para não se sentir inchada de culpa, se cobre de desprezo. Escarra o que não vai para garganta, cospe na cara dos polidos. A boca se come para não comer. Porém, sua tolerância à dor é mínima. E assim se arrepende quando no auge do desespero da fome tudo quer pra si, tudo quer mamar além do que o seio leite pode dar. A boca é pequena, mas voraz. Quer se embriagar, por mais que negue, não quer devorar, quer degustar, por mais que cuspa quer lamber. Agradar, sentir o prazer de deixar o bom livre, de não querer tê-lo pra si, quer deixar fluir, quer se reparar, pedir desculpas, se despir da culpa. Mas não consegue parar de comer o prato do qual fez predileto - o angu da angústia.
6 comentários:
Eu me sinto assim.
Eu estou assim...
Caracas ...
Uau ... estou exatamente assim Angústiadissima ='/
Ando passando por provas em minha vida e ta sendo dificil cada segundo ..posso dizer que estou vivendo um Angu de Angústia !!!
Isa adoro seus textos .. desculpe-me pela ausencia !
Beijos Carinhosos Gi
"Nada pior que uma boca que pensa que é o centro onde o redor não faz mais sentido".
Orgasmo existencial, tamanha a reflexão q me causou essa frase. Egocentrismo sem sentido. Sexualidade desexualizada. É um reino onde o rei reina mas não tem mais sentido governar. É um amor eterno com os laços frouxos e desatados de paixão. Nada pior que viver numa dimensão onde todos nos observam e não conseguimos mais observar ninguém.
Bom saber devorar as angústias... a literatura é um bom prato... Parabéns, Isabelle!
pior é ser essa boca?
Postar um comentário