Livre para as manifestções gratuitas de todas as contradições
Livre até o meu limite.
Sou e tenho o que transmito.
Minto, mas não me nego.
Meu ego não é cego.
E meu coração já não manca mais.
segunda-feira, agosto 31, 2009
quinta-feira, agosto 20, 2009
terça-feira, agosto 18, 2009
segunda-feira, agosto 17, 2009
Viagem à Virgem
Para André L. Gonçalves
“Et le temps perdu
“Et le temps perdu
À savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
À coups de pourquoi
Le coeur du bonheure”
Sobre as tuas fotografias espalhadas sobre a cama, como num funeral sem fim, sem caixão, sem terra, sem velas, tendo como um manto a recordação de uma época em que as sementes eram gratuitas e eternas, eu estava presa.
Deliberadamente presa em uma corrente de sangue rápida, em uma freqüência frenética que dominava os órgãos da carência, da saudade, bombeando a minha glote a se fechar até dissolver com a fúria de um ácido nostálgico, contaminado minha saliva seca através de um penoso refluxo implosivo, os meus olhos de lágrimas pretas de luto por um tempo que se passou deixando as felicidades das partilhas singulares e imensamente recompensadoras.
Talvez eu pudesse voltar nesta mesma freqüência com outro sotaque, em outra língua, e provavelmente a favorita, me invadiria o espírito numa viajem astral. Eu estaria no mesmo lugar do tempo em que distraídos bebíamos, não pra ficarmos bêbados, ou soltos, mas para podermos embriagar o corpo com o álcool que a alma engolia e produzia de mim para ele, dele para mim, a embriaguez fluida, enaltecendo nossos pensamentos em caros e raros licores anímicos.
E no swing das vozes, na dança da sincronia das palavras, com o corpo das línguas, nós penetrávamos os ouvidos virgens dos nossos sons, com o fálico das sensações chegando ao clímax da cumplicidade e da igualdade.
Por que éramos iguais? Porque éramos iguais, gostávamos dos iguais, dos "invertidos" e parelhos. Éramos iguais em pureza nesses estados de troca, não importava a idade ou o tempo, ou por quanto tempo não fazíamos este tipo de sexo oral. O Sol dele estava exatamente onde me ascendia: na Constelação dos puros onde não há céu igual em claridade.
Eu sorria, eu ria, eu gargalhava com a simetria das nossas comédias trágicas, das poesias rebuscadas, das chulas e desidratadas, das músicas parafraseadas, dos bordões inventados, da bossa sem fim, da estrelinha que ele rodava nos jardins infantis das nossas piadas e do veneno quente que escorria das nossas bocas nas críticas corrosivas e sem direito de defesa que fazíamos com o humor e máscaras negras nas sombras dos abanos das aias.
Deliberadamente presa em uma corrente de sangue rápida, em uma freqüência frenética que dominava os órgãos da carência, da saudade, bombeando a minha glote a se fechar até dissolver com a fúria de um ácido nostálgico, contaminado minha saliva seca através de um penoso refluxo implosivo, os meus olhos de lágrimas pretas de luto por um tempo que se passou deixando as felicidades das partilhas singulares e imensamente recompensadoras.
Talvez eu pudesse voltar nesta mesma freqüência com outro sotaque, em outra língua, e provavelmente a favorita, me invadiria o espírito numa viajem astral. Eu estaria no mesmo lugar do tempo em que distraídos bebíamos, não pra ficarmos bêbados, ou soltos, mas para podermos embriagar o corpo com o álcool que a alma engolia e produzia de mim para ele, dele para mim, a embriaguez fluida, enaltecendo nossos pensamentos em caros e raros licores anímicos.
E no swing das vozes, na dança da sincronia das palavras, com o corpo das línguas, nós penetrávamos os ouvidos virgens dos nossos sons, com o fálico das sensações chegando ao clímax da cumplicidade e da igualdade.
Por que éramos iguais? Porque éramos iguais, gostávamos dos iguais, dos "invertidos" e parelhos. Éramos iguais em pureza nesses estados de troca, não importava a idade ou o tempo, ou por quanto tempo não fazíamos este tipo de sexo oral. O Sol dele estava exatamente onde me ascendia: na Constelação dos puros onde não há céu igual em claridade.
Eu sorria, eu ria, eu gargalhava com a simetria das nossas comédias trágicas, das poesias rebuscadas, das chulas e desidratadas, das músicas parafraseadas, dos bordões inventados, da bossa sem fim, da estrelinha que ele rodava nos jardins infantis das nossas piadas e do veneno quente que escorria das nossas bocas nas críticas corrosivas e sem direito de defesa que fazíamos com o humor e máscaras negras nas sombras dos abanos das aias.
E se eu ainda rio até chorar e choro até rir é porque esta viajem de ida e volta pelas primaveras e verões, se inicia sempre que deito a memória dele entre as minhas pernas abertas e sedentas de saudade.
O que foi marcado por debaixo da pele, tudo o que lembra e relembra a falta aqui no meu espaço, tão estreito e tão longe do dele, permanecerá atento a qualquer movimento, a qualquer demonstração de amor continuado através da distância e do tempo.
O que foi marcado por debaixo da pele, tudo o que lembra e relembra a falta aqui no meu espaço, tão estreito e tão longe do dele, permanecerá atento a qualquer movimento, a qualquer demonstração de amor continuado através da distância e do tempo.
terça-feira, agosto 11, 2009
O Diário e as Cenas de Violeta Segóvia – Ep. 03
Acho que tudo que precisássemos deveria ser vendido no bar:
- Oi! Por favor, preciso de 25 gramas de felicidade.
- Temos em ml também.- Não, não. Quero pra cheirar mesmo. O efeito é mais rápido e não vou ficar careta por muito tempo. Em ml, o senhor me dá 30 de sabedoria, 10 de malandragem e 10 de sacanagem. Mas me dê aquelas que dão pra misturar. Sabedoria sem esses dois não é sabedoria do mundodecão.
- Acho, minha filha, que você está precisando de amor. Mas anda em falta aqueles de antigamente, dos bons, que os efeitos eram serenos e duradouros.
- Já tô levando felicidade passageira, obrigada.
Consegui um emprego. Assistente administrativo com possibilidade de ser promovida à Gerente de rola. Tiro um troco, me divirto, depois coloco o chefe tarado no pau, pago o advogado e compro um carro popular, mas 0. Precisaria comprar filhadaputice solução aquosa no boteco pra fazer isso. Me esquivo. Já percebi que tem muita gente com acúmulo de função na empresa: puta e estagiária, puta e gerente, puta e recepcionista.
Tem um carinha da publicidade, Mário Felippo, (descobri que eram com dois Ps por um email dele impresso na mesa da Josimar). Bonito, simpático, tem cara de homão, aqueles que deve ter pegada de homão, aqueles homens com cara de “faço gostoso, mas mantenha a discrição, por favor.” Cheira bem, é altérrimo, não é muito ligado a futebol e adora cinema. Informações seguríssimas da estagiária.
- Deve ser gay.
- Não bobona. Gosta de mulher, eu asseguro. Só ainda não conferi com os meus próprios olhos!
Sorrizinho.
Acho que o olho que ela quer conferir não é o convencional. Tô desesperada, mas sou nova na empresa. Josimar já deu o recado:
- Fique longe dos homens daqui. No máximo, café e cigarro na sala dos arquivos, mas nunca vá sozinha.
Ela tem esse nome unissex, mas é gente boa. Saímos pra tomar umas na sexta passada. Fica bebinha fácil, fica soltinha leve, é macumbeira, fala mal da vida de todo mundo inclusive da dela e dá em cima dos caras na cara dura com o seu 1,59m e 86 kg. Pelo o menos, ela é divertida.
- Fique longe dos homens daqui. No máximo, café e cigarro na sala dos arquivos, mas nunca vá sozinha.
Ela tem esse nome unissex, mas é gente boa. Saímos pra tomar umas na sexta passada. Fica bebinha fácil, fica soltinha leve, é macumbeira, fala mal da vida de todo mundo inclusive da dela e dá em cima dos caras na cara dura com o seu 1,59m e 86 kg. Pelo o menos, ela é divertida.
No bar, pra lá de trêbada:
- Violeta, tchá con o tcheu tarot ai? Tira aaaas cartas agora e vê se eu vou darrr pra alguém hojsee.Gargalhadas.
- Então, me faz um trabalho pra eu conseguir um cara bacana, bom metedor, rico, carinhoso e fiel.
- Ihhh, quirida. Entchão, vamos terrr que fazerrr disssspacho pra Umbanda inteeeira.
Risadas e cerveja.
Assinar:
Postagens (Atom)