Lavei os desejos do futuro
com o detergente do presente.
Enxuguei a saudade do passado
com o pano de prato
do momento.
Guardei nos armários da memória
em cima do medo.
É como encher a cara de cerveja “Guilts”. O desejo de ficar locão por alguém independente da ressacada do depois. Mareado sentimento. E desesperadamente alimentamos nossos vícios nos cios alheios. Já se falou muito em fast-food, mal necessário. O barato é o seguinte: quando pensamos que atingimos um alvo e juramos de pé junto que sim, sim é esta pessoa, este alvo tem algo que nós identificamos quase que de imediato:
- Adoro esse tipo de barato. Essa mina tem uma coisa que me... Não sei explicar, mas acho que dá pra arriscar a pegar e...
Mas aí eu vos pergunto: o que será esta droga de amor além de uma droga? Além de um barato para se experimentar?
E com este tal amor vem o tesão, vem a paixão e todos esses sentimentos massacrados listados em papos como estes. Bem sabemos que estes sentimentos são o barato e os únicos que os nossos sentidos captam e não explicam e excitam.
Dependendo da droga afetiva, o relacionamento segue seu drama nas desventuras de um viciado atrás do seu vicio. Mendigamos para conseguir, roubamos, escravizamos, morremos e até matamos por amor. Dito amor. Amor, amor... E então o que seria uma melhor definição do que esta? Podemos até ilustrar o fato com atual polêmica de Amy Winehouse que vive tão loucamente cheirando, tomando e fumando suas drogas ao mesmo tempo em que vive em uma droga de relacionamento. Quase que não tem distinção. Ela só materializa seus sentimentos que dão a impressão de que uma droga compensa a outra e tudo fica mais louco quando se mistura.
- Não, não minha menina, príncipes encantados não existem mais. Agora só há viciados. Idealizamos o amor certo a moda dos contos de fada na era da internet onde em qualquer chat, (veja!) como nas paginas amarelas, vemos: “Mostro meu pau na cam”.
Na década de 40 não era assim. Décadas e décadas atrás o homem se excitava ao ver o calcanhar da mulher levemente exposto dentro de tantos panos e hoje é “chupo sua buceta” como codinome. Não que naquelas épocas não houvesse sacanagem. Havia sim e muita! A diferença que nos dias de hoje a sacanagem é pública e normal. Então se isto de fato é encarado desta forma, por que ainda continuamos considerando o amor e buscando as sentimentalidades da maneira mais medieval possível? O amor adaptado aos nossos tempos pode ser algo comparado à normalidade das relações promíscuas, às relações de adultério, às relações doentias.
Que seja então decretado o fim do casamento, a abolição dos compromissos e que o amor verdadeiro e eterno seja desmascarado como falso e arcaico. E que o amor (amor???) tenha o direito de se drogar e se prostituir dentro dos relacionamentos decentemente. Desta forma, livraríamos-nos dos sentimentos mais mesquinhos como a mentira, a culpa, o remorso e viveríamos condizentes ao nosso tempo dentro de uma poligamia dissimulada e degradada.
E para os que ainda possuírem o modelo antigo de amor como meta deveriam optar por ficar sozinho (mesmo sabendo que hoje ninguém se sente energizado o suficiente para tal) ou esperar para que A Providência Divina faça com que este ser humano sonhador encontre outro da mesma forma para viver o seu conto de fadas isolado.
Mas quem vive de free-lances nos relacionamentos bem sabe que este sonho careta não dura e que este pobre sonhador terá que se prostituir também para ter uma lasquinha da droga do amor.
O amor é produto de mercado assim como a droga, e esta condição de produto tira toda luz dos nobres sentimentos. Esta comparação se mostra tão real que poderíamos defini-la como “Modelo de Amor Ideal na Idade Contemporânea” onde encontraríamos toda a ilusão e a desilusão dos viciados não adaptados.