quarta-feira, setembro 16, 2015

Paixão de Trabuco

Ninguém sabe
se o tiro
saiu pela culatra

Ou se a explosão

aconteceu
no meio do encontro
da bala

Do arrebatamento 

para o arremate

Da fenda cravada
Floresceu uma roseira

quarta-feira, agosto 12, 2015

Arcano XVII

Ela espera que eu tenha esperanças. Mas dentro do que se espera, já não há desespero. Foram desatados os nos do novelo. A caixa Pandora abriu. O oculto revelou-se para completar o manifesto. Deixando sair todos os males, a Estrela resplandece desvelando a vaidade, as falsas verdades, afirmando que a esperança não se perde, pois vive acessa dentro dos corações perdoados. 

segunda-feira, agosto 10, 2015

Em uma via expressa de quatro faixas, tráfego intenso, tarde prateada de quase um amanhecer nublado, o teu carro corta pela esquerda. Eu quase atrás em uma cavala, rasgando o asfalto e dançando montada entre os meios do trânsito, nas brechas transcendentais. Te alcanço rápido, enfim.
Passo pela tua janela, entre faixas, no mesmo instante que nossas cabeças dizem sim. No pensamento a fala: - Vai na frente! - Vou na frente! - Te encontro lá. Na sincronia dos verbos telepáticos e na velocidade daqueles que não podem parar, pois é preciso chegar e partir a todo tempo. Muitos obstáculos para se ultrapassar, quilômetros de impedimentos. Onde a coragem para a transmutação se faz presente, na iniciativa de atravessar e superar as barreiras ausentes do tentar.

sexta-feira, agosto 07, 2015

Sob o sol de agosto, o oito se deita em infinitas transformações. Mulher indecisa, que negando tudo, aceita no último momento do sim. E tomando a escolha, sim ou não, tudo a leva. Os minutos são devotados a viver nos segundos de entrega. Gosta do jogo das espadas, de língua afiada palavra, empunha cada, como se em sua outra mão o coração batesse no ritmo das batalhas. Intensidade da pele sobre a flor. No ardor da purificação. Pois em todo lugar que há o bem, e não se pratica o bem, o amor não trabalha, e se cristaliza por falta de serventia. E do mais profundo, soube que amar não sabia. Não sabia que o amor não morre de causa natural... não sabia. Sabia que o amor tem perfeição divina num jeito humano imperfeito de amar.

quinta-feira, junho 25, 2015

Katana



Quem sou eu diante da paixão?

quarta-feira, junho 24, 2015

Depois de meses que foram contados como milênios, cruzo a cidade. Morro dentro do trem. Dentro do trem morro a cada segundo que penso que por mais alguns minutos de séculos vou te encontrar e colidir o  tempo e a espera com a esperança já num presságio presente, agora por pouco mais algum agora, prestes a acontecer. Um pré-sentimento sobre os trilhos, pulsante de destino certo. Saber que a pouco só a porta da tua casa nos separa. A tua mão trêmula sobre a maçaneta. A porta aberta no último quarto de década para que tu gires a chave. Definho na certeza de chegar morta no caminho com a segunda certeza de renascer do outro lado dos teus braços, nos teus abraços, que tanto espero ainda dentro do trem.

segunda-feira, junho 22, 2015

Por algo sempre a dizer
A frase seguinte
é dita na frase já dita
do agora mais que nunca
sobre entrelinhas etéreas
que viajam no tempo e no espaço.
O hiato se faz pausado
e as reticências no cosmo.
Dê tudo ou nada
Do nada no instante do
tudo completo pelo
oposto contactado,
pelo em cima e pelo embaixo,
Unidos como as árvores que abraçam 
os céus ancoradas 
no centro quente da raiz.
O infinito em nossos lugares
por assim dizer, 
Palavra a palavra
Lacuna viva
de línguas vorazes
entre nós, em nossos lugares
Por assim deixar por dizer
Os processadores de análises em sílabas
por melhor compreender as linguagens
Cortadas, cortadas...

domingo, junho 21, 2015

Paixão de Atrito

Tanto desejo tomador de espaços
Em um novo amanhecer ter tua alma sobre a minha
Unidas numa parceira de estrela binária 
que esqueço de torpor que
todo o gás que culmina é tudo e só amor

quinta-feira, junho 18, 2015

Zéfiro

Boca perto do ouvido
Num suspiro
A brisa sobre a pele da alma

sexta-feira, maio 29, 2015

6 de Copas

Sobre a pedra contra o horizonte
Choro na intensão de encher o Mar
Lagrimar a desconfiança com a certeza do Amor Verdadeiro
A fé que se segue no seu mais puro axé, Branco
Navegando sobre a Travessia do Esperar

terça-feira, maio 26, 2015

Conteúdo

Comprei uma caixa de diversas taças
Para presenteá-la com a forma
Comprei uma caixa para mim
Outra para minha mãe
E para aquela que escolhi trilhar o destino
A Mulher do Caminho
Que cruzando sempre com o meu
Deixa-me na segunda encruza
E para elas
As taças estão guardadas.
Vem que faço um chá para curar
A cabeça tua que baguncei
Tomando outro chá
Para a morte, para matar
O que em mim andava ferido.
E transformado, fervido
Purifica ou purga qualquer
dor de amor mal esclarecido
Acender as velhas tochas
do templo do Amor Sentido

sábado, maio 23, 2015

Labirinto de Espelhos

Algumas horas não poderiam ser. Foram meses de processos e análises. Serão dias de julgamento. Tardes de olhos cheios e vazios, altos e baixos, correntes para as quatro direções. 
Rasos d'água e profundo de amor.

segunda-feira, maio 11, 2015

Cataclisma

Tatuagem oposta sobre a pele trocada
Nos vãos das margens, coladas com água, antigo
Mensagens que configuram o Grande Plano
De Cão maior, de Orion, de Lira, enfim...
Decodificando a Linguagem do Amor sobre as Estrelas

quarta-feira, abril 08, 2015

Disco Lunar


Paixão Súbita
que invade
como maré cheia

terça-feira, abril 07, 2015

Flor de Mar

O futuro chegou como um presente
Guiado pelo cheiro das rosas
Meu coração disparou na beira do abismo
Quando ela chegou com as sandálias de asas

segunda-feira, abril 06, 2015

Ninfa D'água Doce

Ela bateu a calda de uma forma na água, que não pude deixar de seguir a sua corrente.

domingo, abril 05, 2015

Cauterização III

Um chá para coração partido é servido na Casa Oito e as ervas crescem com as mais belas flores.
Primeiro um chá frio, outro morno e o último flambado

terça-feira, março 24, 2015

Ódio - amor cristalizado
Violento em sua dor enjaulada
A outra face da cara
Uma das possíveis formas inatas
Na expressão da sua própria in/expressão
O desdobramento da beleza em trevas
O incompreendido, intolerante, possessivo
O amor em sua legitima máscara invertida
O ódio como o primeiro cavaleiro de sua coroação
Como um imediato da sua subversão


sábado, fevereiro 21, 2015

Tino

Desatinado Destino
Partido em nó fechado
Faz-se necessário
Mais linha do novelo

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Sal


Será que estes teus olhos de sol e mar |
Não veem mais meus olhos embaçados 
De água salgada, naufragado 
A refletir opaco 
as cinzas da quarta feira que ainda queimam?
Será que de longe, sentes a boa e reconhecível brisa 
de frequência aquática?
A poesia na maresia 
Em segredo... em segredo.
Invisivelmente boa
Incansavelmente invísivel

Muda Flor

Da flor que ganhei
Botão se abriu antes
da outra face da Lua.
De tão formosa e bela,
não resistiu a hostilidade da sombra
Definhou rapidamente
Corpo vegetal em coma
E em colapso, murchou
Não se tem mais notícias da Rosa
Dizem que está em tratamento num 
Viveiro de mudas

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Vivência

- Se fosse ilusão - saberíamos?

Na Cachoeira

Quando a dormência invadiu a minha cabeça
Ela lavou os meus cabelos com jarros d'água doce.

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Tudo e nada se confundem com livre arbítrio. Toda hora o tudo e em nenhuma hora o nada. Encontram-se em um momento que o nada é tudo que está na sala.

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Desculpa - vou despir a culpa

"Toda saudade desobediência..."
Ana Cristina César




Sorria para as velhas ironias,
Caso o tempo demonstre sarcasmo,
Amargo, passado, rançoso,
Pode parecer o gosto deste contato.
Talvez seja ilusão das células gustativas,
O que ganha sentido no fundo da língua
Com o tom da voz engolido.
Na memória, palavras ditas e malditas
A previsão salgada nos olhos,
O silêncio responde a calmaria aparente.
Prove tatuar mais uma vez a pele com poesia
ou eternize em uma caixa secreta
A minha caligrafia.

Guardo intenso o sorriso de um encontro
De entrelinhas com as vistas cerradas
E a alma esculpida em abertura.



domingo, fevereiro 08, 2015

sábado, fevereiro 07, 2015

Meu nome chega forte provocando súbita dor de amor por pesados instantes: estilhaços por todo o corpo. 
Meu nome dardo envenenado: assola os nervos enferrujados provocando imediata corrente, eletrocutando lágrimas.  
Meu nome invoca a maldição, colide com fatos e explode em arrependimento. Salvação.
Meu nome espreita com a morte, tem proximidade com o diabo, a boca de luz e o paraíso infernal não presente de solidão.

segunda-feira, janeiro 26, 2015

Subjugado por assim dizer

Andar por ai sem se dar conta das armadilhas subliminares. Seu poder vibra em uma frequência que não saberia dizer se viu ou se ouviu algo, alguém, alguma coisa, pois a teia é de espessura invisível, ficando abaixo de qualquer esperteza de percepção. A frequência que corre abaixo, quase um ruido, longe, inaudível, dando a ingênua sensação que existe mais de algo para se ter contato. Mas a desconexão vem a cavalo, no submundo da capacidade do tímpano de memorizar. Deixa algo por dizer, por saber mais claramente um gosto insípido de paladar. O que realmente há para se saber está estreito. Ousar entrar na senda, perdido entre as palavras, os gestos, as elevações de voz, o elo embutido meio a mil coisas malditas. Dizer o impensável, habitar um mundo incompreendido de realidades impensadas. Subjugado por assim dizer...

domingo, janeiro 18, 2015

Para Paulo R. Rodrigues

Entardecer de inverno
Sobe do fundo dos vales
A sombra das montanhas

sábado, janeiro 17, 2015

Inopinadamente debruçou-se sobre o meu caminho. Tensão branca, congelada no salão insalubre. Pouca luz, poças pelo o concreto, paredes queimadas. Fim de festa. Ela vestia uma túnica negra e se equilibrava sobre as pernas esmaecidas, olhos vencidos:
- Me tira daqui? imprimiu sufocar pelos os arredores. O lugar era estrangulador. Eu pedia clemência para a Santa dos Desvalidos.
- Levo você para onde quiser - A vontade que tinha era de segui-la pela cintura com a firmeza da minha afirmação.
Inesperada beleza como quem anda por cima das cinzas e à esquerda do beco, se depara lambendo uma parede cor de rosa: um doce de presente. Colocou as vísceras, apegada aos detalhes, se escorando na parede. Saiu, voltou, entrou no lodo e de lá, trouxe uma taça bailarina de vinho. Brindou a vida na fossa. Dançou. Disse-me sinceramente que o amor eterno era o prazo do diabo na terra e me revelou o segredo da quarta-feira de cinzas.

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Lentes para contato

Deixo os óculos escuros nas horas mais claras.
A hora que não penso que chegaria a passar.
Dada a largada de ir embora
Marcado para a hora agora.


Um bolo para Danielle

O café perdeu a visita. Levou um bolo. Seu destino foi destinado a não se cumprir. Seguindo seu caminho engarrafado por uma noite intocável. Pela manhã, o recipiente que lhe dava forma, ganha outra, o café anoitecido é derramado na pia e ganha um novo destino, por mais outro filtro. Tudo menos um café cozido. Mais um repetido. "Inventário do ir irremediável" sobre a mesa, um telefone morto, mudo. Um vaso de dollar verdinha, verdinha, uma cadeira vermelha de espera vazia e o cheiro de mais um café impregnando a casa. Lembra alguém que não chega e que nunca chegou. As palavras que racham a língua são as mesmas pelas quais o meu ouvido pinga. A fenda possível dividiu o coração dela em dois. O mal que corroí é o mesmo que enferrujou o bloqueio de aço encouraçado. Onde aprendeu a se acomodar com o desamor, as migalhas de um sentimento ostensivo e triste? Guarda agora as malas e só quando tocar a campainha, saia correndo para receber a quentinha do amor pouco. Aquele chá da tarde inexpressivo já não posso oferecer. O pouco da distância proporciona a ilusão aparente de amor lúcido. Se as horas passam é por alguém que não chega e amaldiçoado, deve ficar entre os restos ou derramado.

domingo, janeiro 11, 2015

Trevoso

Sinto- me compelido ao ódio por amor. Arrastado para o sombrio, a luz irradiante esconde a chaga. Demasiado desejo a vácuo, eco não reverberado. Da força divina amorosa ao desespero do mortal caído em trevas, o amor passa a existir em modo amaldiçoado.  Lânguido por sua força, cobra devotado a dor ao que cabe ao amado. E vulnerável, torna-se ameaçador.  Faca afiada certeira.  Flecha venenosa reta. Bala cravada como estaca. Em uma poça, beber a vida de sangue do amor conjurado. A sede de vida por sangue pode causar a morte. Morrer por brindar insaciavelmente a posse.

sábado, janeiro 10, 2015

Pia Suja Quarto - Outro Novo Mesmo Ralo

Vamos colocar mais uma vez o Pia Suja no centro do palco - batuque, dança e luz à pino. Pensar em pias sujas como desprazer rotineiro ou prazer continuo. Se acumular, monstros se levantarão pelo ralo e cada louça zumbi não irá causar nenhum mal além de estarem a espera - prerrogativa para a solidão - sobre a pia. Sorte de quem não tem essa fobia. Faz bolo com a panela de macarrão e molho vermelho. Não teme remorsos de ralo, pois a pia não vai devorar a mão. Sabemos que, com o tempo, pode... não sabemos. A ordem está para o caos como o caos está para as pias. O Pia Suja se iniciou copa, preocupado com os enredos das coincidências e observações sentidas. Fatores que habitam o profundo. Por diante, passou a olhar mais para o ralo interno, vão de trevas, desvão de tréguas, cavernosas indagações. A magia comportamental para quem passou a querer saber como a louça da pia - tirando nosso benevolente ato mecânico instintivo consciente de lavar - aparece e desaparece pelo o efeito da sua condutora água para o ralo. Assim, debruçou sobre o olho que vê na posição central da cuia e se desdobrou em Pia Suja - Pelo o olho do Ralo - batuque, dança e luz à pino. Insuportável odor sedutor, roubou suas narinas e conduziu por encanações trágicas e, encanado, entupiu paralisando os canos. Da explosão dos tubos ao esgoto, e por desgosto, passou a existir em outros estados viventes, adaptável ao ambiente, como ratos, baratas, todo o reino de larvas. Descobriu que no sub mundo existem alas: a todo instante se tem a sombra como companhia. Nos becos insalubres escorreu anônimo, desapareceu em si. Seu paradeiro tornou-se ignorado e para além da cuia, já não sabia mais onde estava. Batuque, dança e luz à pino - Pia Suja - para além do Ralo. O que havia depois do ralo senão outros buracos negros? Claro, o desconhecido - onde tudo é enamorado! Onde a raiz da dúvida do ser ou não e em que modo, se instaura para o desenvolvimento do potencial em tomar escolhas. Os enamorados da cena marcam as taças com vinho e o corpo com mordidas ou podem escolher a partida sem mais pias. Escolher aparecer ou desaparecer nunca se tornou tão fácil. A relação de cara pro ralo durante as comemorações de pia suja desde o primeiro aniversário. Pois não há possibilidade de se contribuir para a pia do velório e nem beber o morto quando se é o si mesmo. Experiências de quase morte naturalmente revelam outras realidades para além do visto, outras possibilidades de existir aparentemente igual, mas nunca o mesmo. Aparentemente, o blog Pia Suja agora - batuque, dança, surpresa e luz à pino - ressurgiu de outro estado das formas lodosas como Pia Suja - Outro, Novo, Mesmo Ralo. 

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Contando
Com tanto
Contanto
que não seja muito